"O moderado Partido Socialista, de centro-esquerda, formou uma aliança sem precedentes com o mais pequeno Partido Comunista e o radical Bloco de Esquerda, ligado ao partido anti-austeridade da Grécia, Syriza, e usaram um voto parlamentar sobre políticas para forçar o Governo a demitir-se na terça-feira", lê-se no Guardian.
Porém, ao contrário da Grécia, onde o Syriza é o principal partido do Governo, sublinha o diário, os comunistas e os bloquistas só despenharão um papel de apoio.
O Daily Telegraph considera esta aliança "histórica" e antevê um confronto com a União Europeia, porque a posição anti-austeridade dos partidos de esquerda levou a prometer reverter algumas das políticas do Governo de centro-direita de Passos Coelho e de Paulo Portas (cligação PSD/CDS).
"Apesar de ter formalmente saído do programa de assistência, a economia mantém-se sobrecarregada com a maior dívida na Europa. Os seus antigos credores em Bruxelas e o FMI avisaram que o país precisa de continuar um programa rígido de cortes da despesa e aumento de impostos para tapar o buraco nas suas finanças públicas", refere o diário.
Caso o Presidente da República portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, seja "forçado a fazer uma inversão de marcha dramática" e indigitar o líder do PS, António Costa, para primeiro-ministro, acrescenta: "Portugal juntar-se-ia à Grécia e tornar-se-ia na segunda economia do sul da zona euro com forças da extrema-esquerda no poder".
O Daily Mail noticia na sua página de Internet que a "aliança inesperada" da esquerda prometeu aliviar a austeridade.
"A queda do Governo foi uma derrota política para a estratégia de austeridade da zona euro de 19 países, que exigiu reformas económicas a Portugal após o resgate, que foram reflectidas nas políticas rejeitadas", afirma.
O The Times destaca o papel de Catarina Martins, do BE, que está prestes a desempenhar um papel de protagonista no poder em Portugal, depois de uma carreira de atriz.
A deputada bloquista "formou uma aliança surpresa com os partidos socialista e comunista para afastar o Governo conservador interino de Pedro Passos Coelho, que só ficou no poder 11 dias".
O jornal também refere os receios manifestados de que a recuperação económica portuguesa seja posta em causa "e alguns receiam que possa ir pelo mesmo caminho que a Grécia, que precisou de três resgates desde 2010".
Na edição impressa do Financial Times, este cenário é negado por Mário Centeno, o economista que contribuiu para o programa eleitoral do PS e considerado o mais forte candidato a ministro das Finanças.
"Vamos ficar no caminho da consolidação fiscal. Não é a direção que combatemos, mas a velocidade", vincou, em entrevista ao diário financeiro britânico.
Lusa/SOL