Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 806.000 migrantes e refugiados atravessaram em 2015 o Mediterrâneo para chegar ao território europeu, dos quais a grande maioria, 660.700, passou pela Grécia e pelas ilhas gregas do mar Egeu.
Um total de 3.460 migrantes morreu ou desapareceu durante a travessia, indicaram os mesmos dados.
Só no passado mês de outubro, e apesar das más condições meteorológicas, 210.000 pessoas chegaram ao território grego, a maioria à ilha de Lesbos, a principal porta de entrada dos migrantes na Europa.
Este fluxo não abrandou em novembro, referiu o ACNUR, indicando que esta ilha helénica tem registado uma média diária de 3.300 chegadas.
"Com o inverno a aproximar-se, as condições de acolhimento e as capacidades de permanecer [em Lesbos] são muito limitadas e insuficientes", declarou um porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, num encontro com a comunicação social em Genebra.
De acordo com o ACNUR, Lesbos dispõe unicamente de 2.800 lugares de acolhimento, um número bastante pequeno para responder às necessidades dos cerca de 16 mil migrantes e refugiados que estão atualmente na ilha.
Como consequência, lamentou a agência das Nações Unidas, "muitas pessoas, incluindo mulheres, crianças e recém-nascidos, não têm outra escolha a não ser dormir ao relento, acendendo fogueiras para se aquecerem".
Além disso, segundo destacou a organização, "esta situação está a criar problemas de segurança e é um motivo de tensão com a população local".
"É um desafio extremamente difícil para uma única ilha", sublinhou a vice-diretora do ACNUR, Diane Goodman, numa teleconferência a partir de Atenas.
A representante explicou que o ACNUR foi a única agência das Nações Unidas presente em Lesbos, com apenas 30 — que serão em breve 40 — trabalhadores humanitários.
Diane Goodman apelou às autoridades locais para arranjarem mais locais para acomodar os migrantes e para melhorarem o sistema de registo.
Cerca de 62 por cento dos migrantes e refugiados que chegam à Grécia são oriundos da Síria, 23% do Afeganistão e 7% do Iraque, segundo a ONU.
Lusa/SOL