Misericórdias esperam que PS honre compromissos

Apesar da oposição da esquerda à devolução de hospitais nacionalizados, as misericórdias exigem receber em janeiro a gestão das unidades de Santo Tirso e de São João da Madeira, acordada com Passos Coelho.

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, exige que o próximo Governo cumpra os protocolos assinados e devolva ao setor social dois dos hospitais que foram nacionalizados após o 25 de Abril. «Esperamos que nos sejam devolvidos em janeiro os hospitais de Santo Tirso e São João da Madeira, tal como ficou estabelecido nos dois acordos assinados este verão com o Ministério da Saúde», disse ao SOL Manuel de Lemos, lembrando que estes compromissos «foram assinados com o Estado português e não com o governo A, B ou C».

Estes acordos preveem a entrega, por dez anos, da gestão destas unidades ao setor social com a obrigação de existir uma poupança de 25% em relação à gestão feita pelo Estado.

Em novembro de 2014, o Estado devolveu os hospitais de Fafe, Anadia e Serpa às misericórdias, E em julho e em setembro, foram feitos protocolos para a transferência das unidades de Santo Tirso e São João da Madeira, o não foi ainda concretizado. Se no programa de Governo da coligação o processo já tinha sido suspenso numa tentativa de aproximação ao PS, agora perante a iminência de um Governo socialista apoiado por PCP e BE, partidos que sempre contestaram esta devolução, a entrega às misericórdias parece praticamente impossível.

Manuel de Lemos admite que haja «dúvidas ideológicas» em relação a este processo, mas garante que «o acesso à saúde e a qualidade dos cuidados foi melhorado e até trouxe poupanças para o Estado». E recorda que «as negociações começaram ainda no Executivo socialista de Sócrates e a pedido do Governo».

joana.f.costa@sol.pt