Bruxelas, entre Paris e Molenbeek

O nível de alerta situa-se em três, e aumentou a medida que as polícias francesa e belga aceleravam as diligências para a captura de Abdelhamid Abaaoud e Salah Abdeslam, respetivamente o cérebro e um dos suspeitos de intervenção direta nos atentados de Paris da passada sexta-feira. Apesar da aparente tranquilidade em Bruxelas, berço destes dois…

Alguns edifícios emblemáticos, como da Comissão Europeia (CE) ou do Parlamento Europeu (PE), bem como o Palácio Real, o Parlamento, as embaixadas de França e dos EUA (edifícios vizinhos) e o aeroporto contam sempre com pelo menos dois militares armados e um veículo militar estacionado nas proximidades. A entrada de carro no parque de estacionamento da CE não se faz sem uma revista minuciosa do condutor e dos passageiros, do porta-malas e uma passagem de um detetor de explosivos por baixo do veículo.

Já no PE os visitantes passam por um controlo apertado de segurança e não podem deixar sozinhos o edifício, tendo de sair acompanhados pelo deputado, comissário ou assessor que os registou. Apesar de tudo, o centro mantém a afluência normal de turistas para esta época do ano, garante Geert, empregado de uma cervejaria nas imediações da famosa Grand Place. A capital belga continua o seu ritmo, aparentemente impávida. Mas sente-se a tensão.

Em Molenbeek, bairro que de repente caiu nas bocas do mundo por albergar jihadistas convertidos e depois treinados na Síria – e que terão planeado os dois atentados de Paris deste ano (ao jornal satírico Charlie Hebdo em janeiro e este último de dia 13) e os de Madrid em 2004, entre outros – uma manifestação de solidariedade para as vítimas de Paris juntou mais de 2.500 pessoas de todos os credos. A presidente da câmara, Françoise Schepmans, proferiu um discurso de apelo a tolerância e negou que o bairro fosse um ‘viveiro’ de jihadistas.

Molenbeek recebe agora jornalistas de todos os cantos do mundo. Assustada, a população – com uma larga percentagem de muçulmanos e níveis sociais bem abaixo dos da capital – tenta evitar as câmaras de TV e não esconde o medo depois dos acontecimentos recentes. Um retrato do bairro pode ser visto na próxima edição do Sol, esta sexta-feira, na revista Tabu.    

ricardo.nabais@sol.pt