2.Dito isto, alguma comunicação social – por ânsia de notícias em catadupa para preencher espaço ou simplesmente por ingenuidade ou falta de tempo para a reflexão – tem caído no erro de seguir as notícias que José Ribeiro e Castro e a sua falange de apoio na direita ultra-conservadora têm plantado cirurgicamente. Para criar uma “espuma dos dias” quanto às presidenciais, que julgam lhes ser pessoalmente favoráveis. Vamos, então, à questão fundamental: o que quererá José Ribeiro e Castro?
3.A resposta é por demais evidente: Ribeiro e Castro quer impedir a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais – para depois promover o assalto ao poder no CDS/PP, afastando Paulo Portas da liderança do partido. Será este cenário meramente especulativo? Uma fantasia sem apego à realidade? Pelo contrário: os factos demonstram a sua verosimilhança. Primeiro: José Ribeiro e Castro saiu das listas do CDS/PP alegando ser apenas um fantoche e que o Parlamento não lhe permite ser útil para Portugal – é estranho que Ribeiro e Castro, por quem temos muito apreço pessoal, só se tenha lembrado da inutilidade da função de deputado tantos anos depois de lá ter permanecido. Quem fica numa função que considera inútil durante tanto tempo? E porquê? Pelo leitão da cantina (que, aliás, é excelente!) do Parlamento, a preços muito acessíveis? Ainda para mais, José Ribeiro e Castro simulou um braço de ferro com Paulo Portas, insinuando que este o afastou das listas. Um passarinho bem informado sussurrou-nos ao ouvido que Paulo Portas ia convidar Ribeiro e Castro para o círculo do Porto – e este antecipou-se e recusou…Ribeiro e Castro saiu, pois, na convicção de que a coligação ia perder – e Paulo Portas ficaria enfraquecido.
4.Em segundo lugar, José Ribeiro e Castro, com a frente de esquerda no poder, quer explorar a eventual fragilidade de Paulo Portas, derrotado, não nas urnas, mas no Parlamento. Ribeiro e Castro julgará que este é o momento para atacar a liderança do CDS – com Portas fora do Governo, os militantes tenderão a ser mais flexíveis nas suas escolhas. Ora, se Paulo Portas, após ser derrotado por Costa, perder as presidenciais – ou seja, perante a derrota de Marcelo Rebelo de Sousa -, Ribeiro e Castro vai atacar de imediato, pedindo a responsabilização de Paulo Portas por dois desaires políticos: a forma como geriu a formação do Governo de gestão e como foi afastado pela extrema-esquerda e pelo extremo-PS; por outro lado, a sua estratégia política para as presidenciais. E, nessa altura, José Ribeiro e Castro dirá que pode “atirar pedras” à vontade e com autoridade moral contra Paulo Portas, pois sempre se manifestou contra o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa! E aí…bingo! José Ribeiro Castro acha que tem uma passadeira vermelha rumo à liderança do partido. Para ele ou para o seu delfim, Filipe Anacoreta Correia.
5.Em suma: José Ribeiro e Castro não é contra Marcelo Rebelo de Sousa. Ribeiro e Castro não está nem aí se a esquerda chega ao poder, se a esquerda vai ser mais ou menos extremista, se a esquerda vai destruir o país ou se vai fazer maravilhas. Ribeiro e Castro não quer, tão pouco, saber desse conceito tão trendy hoje em dia de “clarificação política”. Ribeiro e Castro só quer uma só coisa: destruir politicamente Paulo Portas e chegar aos lugares de topo do CDS/PP. Talvez ser eurodeputado um dia destes…Caros leitores, é esta a verdadeira estratégia de Ribeiro e Castro, uma pessoa encantadora e um político desastroso e desastrado. Ao menos, tanto quanto sabemos, não vai tentar a sua sorte no PS (até quando aguentará?).