"A estabilidade governamental é necessária para garantir outro tipo de estabilidade muito mais fundamental para a economia portuguesa, a estabilidade das leis fiscais, a estabilidade das leis laborais, sem as quais não pode haver previsibilidade e não havendo previsibilidade não há investimento e a economia portuguesa poderá entrar novamente em recessão", afirmou Luís Campos e Cunha, em declarações aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da República.
Insistindo que é "crucial" a estabilidade legal do ponto de vista fiscal e do ponto de vista laboral, o antigo ministro das Finanças enfatizou que é também muito importante que os agentes políticos tenham "outra calma e outra posição face aos problemas nacionais".
"É muito importante que os agentes políticos, nomeadamente a Assembleia da República e os deputados tenham outra calma e outra posição face aos problemas nacionais, os ataques pessoais que se veem à esquerda e à direita não contribuem para esse clima de estabilidade", sublinhou, considerando que neste momento em Portugal existe "instabilidade governativa" e não "instabilidade política".
Ainda sobre a 'falta de calma' dos agentes políticos, o antigo ministro do primeiro Governo de José Sócrates alertou que leva também a um afastamento da sociedade civil, "porque na sociedade civil as pessoas também estão divididas, mas têm um comportamento civicamente muito mais calmo do que o que observamos entre os agentes políticos".
"É necessário que também haja uma acalmia e que a reputação da classe política seja restabelecida e para isso é preciso que eles próprios tenham calma e saibam discutir questões políticas sem ataques pessoais", acrescentou.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, está hoje a ouvir economistas, na sequência da aprovação a 10 de novembro de uma moção de rejeição do programa do Governo por todos os partidos da oposição, derrubando assim o executivo de coligação PSD/CDS-PP, liderado por Pedro Passos Coelho.
Durante a manhã, além de Luís Campos e Cunha, foram recebidos pelo chefe de Estado, Vítor Bento, Daniel Bessa e João Salgueiro.
À tarde, pelas 15:00, o chefe de Estado irá ouvir o antigo ministro das Finanças Teixeira dos Santos, seguindo-se às 15:45 o conselheiro de Estado Bagão Felix e, às 16:30, o ex-ministro da Economia 16:30.
Para as 17:15 está marcada o último encontro, com o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.
Na sexta-feira, o Presidente da República irá ouvir os partidos com assento parlamentar.
Lusa/SOL