A viver sob a bandeira do Estado Islâmico na Síria desde 2013, gabando-se de idas e voltas para a Europa, o jovem do bairro bruxelense de Molenbeek surge ligado aos abortados ataques a uma igreja em Paris (19 de abril) e a uma sala de espetáculos (11 de agosto), além do incidente no comboio Thalys (21 de agosto), em que militares norte-americanos de licença impediram uma matança a bordo.
Abaaoud contactou o terrorista Mehdi Nemmouche, com quem terá combatido na Síria, meses antes de este matar quatro pessoas no Museu Judaico de Bruxelas (maio de 2014). E em 2010 já tinha partilhado a cela na Bélgica com o amigo de infância e terrorista franco-belga de origem marroquina Salah Abdeslam, por assalto à mão armada. Criado em Moleenbeek, com cinco irmãos, Abaaoud era filho de um comerciante e frequentou uma escola de prestígio da capital belga, o colégio Saint-Pierre.
A irmã Yasmina disse ao New York Times que ele "nem sequer ia à mesquita" antes de partir para a Síria. É de lá o vídeo de propaganda do EI em que Abaaoud aparece numa carrinha a transportar cadáveres mutilados. Tido como o cérebro da célula belga de Verviers, neutralizada em janeiro, foi pouco depois condenado in absentia a 20 anos de prisão, por recrutar jovens para as fileiras do EI na Síria – incluindo o irmão de 13 anos.
O Le Monde avança que ele era desde setembro um dos alvos a abater nos bombardeamentos franceses na Síria. E, na quarta, foi o alvo do raide policial no subúrbio parisiense de Saint Denis. No dia seguinte, o procurador francês confirmava que um dos dois mortos da intervenção era Abdelhamid Abaaoud, cujo corpo "estava crivado de projéteis".