A Primeira e a Segunda Guerras foram impulsionadas por esquemas perversos de financiamento internacional (com os americanos à cabeça) e fizeram sofrer o povo russo como nenhum outro. O III Reich foi apoiado por muitos homens de negócios dos EUA, nação que apenas acolheu 200 mil judeus entre 1933 e 1945. Roosevelt foi um extraordinário estadista (“viria a salvar o capitalismo dos próprios capitalistas”), mas cometeu um erro gravíssimo ao deixar cair o pacifista Henry Wallace em prol do despreparado e fanático Harry Truman, responsável máximo pelos desnecessários bombardeamentos atómicos e pela linha dura e injustificada da Guerra Fria. Desde então, os EUA foram responsáveis por escandalosos momentos históricos de “guerra contra os povos pobres da terra pelos recursos dessa mesma terra” e por opções brutais, como o apoio a ditaduras de direita ou o financiamento de fundamentalistas islâmicos.
Assumidamente tendenciosa, esquerdista, multicultural e anti-imperialista, esta história assim contada em 2012 por Stone e Kuznick, numa série televisiva documental e em livro, ataca noções centrais na hegemónica narrativa mítica nacionalista, como “destino manifesto”, “excecionalismo”, “policiamento do mundo” ou exportação da democracia. Bem pesquisado e sustentado (com documentos desclassificados, pouco conhecidos e mais atuais), este é o lado mais negro da história moderna norte-americana.
A História Não Contada dos Estados Unidos
Oliver Stone e Peter Kuznick Vogais
364 págs., 19.99 euros