O verdadeiro tio Sam

15 de Fevereiro de 1898, noite tórrida no porto de Havana. Uma explosão provoca o afundamento do USS Maine e a morte de 254 marinheiros. Dois meses depois, o Presidente William McKinley declara guerra à Espanha, que supostamente sabotara o couraçado norte-americano. Sobre este episódio, nas primeiras páginas de A História Não Contada dos Estados…

A Primeira e a Segunda Guerras foram impulsionadas por esquemas perversos de financiamento internacional (com os americanos à cabeça) e fizeram sofrer o povo russo como nenhum outro. O III Reich foi apoiado por muitos homens de negócios dos EUA, nação que apenas acolheu 200 mil judeus entre 1933 e 1945. Roosevelt foi um extraordinário estadista (“viria a salvar o capitalismo dos próprios capitalistas”), mas cometeu um erro gravíssimo ao deixar cair o pacifista Henry Wallace em prol do despreparado e fanático Harry Truman, responsável máximo pelos desnecessários bombardeamentos atómicos e pela linha dura e injustificada da Guerra Fria. Desde então, os EUA foram responsáveis por escandalosos momentos históricos de “guerra contra os povos pobres da terra pelos recursos dessa mesma terra” e por opções brutais, como o apoio a ditaduras de direita ou o financiamento de fundamentalistas islâmicos.

Assumidamente tendenciosa, esquerdista, multicultural e anti-imperialista, esta história assim contada em 2012 por Stone e Kuznick, numa série televisiva documental e em livro, ataca noções centrais na hegemónica narrativa mítica nacionalista, como “destino manifesto”, “excecionalismo”, “policiamento do mundo” ou exportação da democracia. Bem pesquisado e sustentado (com documentos desclassificados, pouco conhecidos e mais atuais), este é o lado mais negro da história moderna norte-americana.

A História Não Contada dos Estados Unidos

Oliver Stone e Peter Kuznick Vogais

364 págs., 19.99 euros