Manuel Heitor, que hoje toma posse, disse, em declarações à Lusa, que acolheu o novo cargo como "um desafio".
"Não estava na minha agenda voltar à política ativa", afirmou, acrescentando que pretende "continuar a contribuir de forma decisiva para que Portugal seja um país de ciência".
"Acredito que não há mais alternativa para Portugal do que ser um país com base no conhecimento e na ciência", sustentou o professor catedrático do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, que foi secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, entre março de 2005 e junho de 2011, quando era ministro da tutela Mariano Gago, que morreu em abril, e considerado por muitos o grande impulsionador da ciência em Portugal.
Manuel Heitor entende que se assistiu em Portugal "a uma deterioração do conhecimento como bem público", a "clivagens e fricções" entre instituições, fruto de "políticas públicas mal informadas".
"Hoje, temos universidades do norte contra as universidades do sul, temos umas instituições contra as outras, face a uma política de divisão, e não de coesão", advogou, propondo a criação de "um pacto para todo o sistema de produção e difusão do conhecimento, com objetivos comuns e sólidos".
Como uma das prioridades, o novo ministro aponta o restabelecimento da confiança "no sistema de governança do sistema científico e tecnológico", em particular na Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), principal entidade financiadora da investigação em Portugal.
"Nos últimos anos, assistimos a uma orientação de por a FCT contra a comunidade científica", sustentou, numa crítica ao mandato de Nuno Crato como ministro da Educação e Ciência, no primeiro Governo PSD/CDS-PP de Passos Coelho.
Manuel Heitor propõe-se criar, com a comunidade científica, um grupo de trabalho de "alto nível" para identificar o que deve ser a liderança da FCT.
Dessa avaliação "sairá certamente a futura direção da FCT, que represente a comunidade científica", adiantou, sem dizer claramente se vai ser substituída a atual direção da FCT, presidida pela investigadora Maria Arménia Carrondo, que substituiu em abril o médico e investigador Manuel Seabra, na mira da contestação de bolseiros e centros científicos.
O novo ministro elege a precariedade laboral de docentes universitários e investigadores como "um desafio" que "tem de ser resolvido com as instituições, com o Governo" e defende uma "reforma progressiva dos modelos de ensino e aprendizagem e de integração no mercado de trabalho" como resposta ao desemprego entre jovens com formação superior.
Lusa/SOL