Razão destes descalabros: as palavras e as ações do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. Draghi optou por manter as compras de dívida pública dos países da zona-euro (e por essa via “fabricando” dinheiro) em 60.000 milhões de euros por mês. Os mercados estavam à espera de compras mais agressivas, daí terem caído.
Mas o BCE não ficou totalmente indiferente à inflação extremamente baixa na zona-euro. Apesar de não ter tocado no montante de dívida pública que compra, estendeu o prazo desse programa por mais seis meses, e baixou a taxa de juro, já de si negativa, que aplica aos depósitos dos bancos comerciais: -0,3%. Isto é, se um banco comercial depositar dinheiro junto do BCE, no final do empréstimo recuperará menos dinheiro que emprestou. Esta taxa de juro negativa destina-se a desencorajar os bancos comerciais a depositaram dinheiro junto do BCE, e a emprestarem dinheiro aos seus clientes, para que estes invistam ou consumam, estimulando desta forma a economia.
Só espero que os bancos comerciais não se lembrem de começar a praticar taxas de juro negativas junto dos clientes. Se esta moda pega, mais vale tirar todo o dinheiro do banco e guardá-lo debaixo do colchão.
De resto, as previsões do BCE foram mistas: a inflação continuará muito baixa na zona-euro: 0,1% este ano (em Portugal estava em 0,6% em outubro), 1% para o ano e 1,5% em 2017. Quanto ao crescimento económico, apesar de baixo, deverá também acelerar: 1,5% em 2015 (1,4% em Portugal no terceiro trimestre), 1,7% em 2016 e 1,9% em 2017. É positivo que o crescimento económico dos nossos parceiros acelere, pois assim eles podem comprar mais dos nossos bens e serviços, e continuarem a receber os nossos emigrantes, que infelizmente não encontram trabalho cá.