Solução para o Banif ‘é a menos má’

A venda da posição do Estado no Banif ao Santander por 150 milhões de euros, decidida ontem pelo Governo, “é a solução menos má”, defende Marques Mendes, salientando que os 700 milhões de euros de dinheiro público já colocados no banco são já perdidos.

“Esta é melhor do que qualquer outra solução. Em primeiro lugar, o Estado vai muito provavelmente perder o dinheiro que lá pôs – os 700 milhões de euros que lá meteu já não vai recuperar, nem de perto nem de longe – mas assim não terá de colocar mais dinheiro. Em segundo lugar, com esta solução não agrava o défice de 2015”, explicou ontem Marques Mendes, no seu espaço de comentário na SIC.

‘Costa está a entrar numa aventura na TAP’

O dossiê da TAP é que Mendes considera que não está a ser bem gerido pelo Governo, tendo recebido “com surpresa” as declarações do primeiro-ministro, na semana passada, de que o Estado vai recuperar a maioria do capital da companhia, seja de que maneira for. “Isto pode ser uma aventura: sabe-se como começa, mas não se sabe como acaba”, alerta.

Embora admitindo que o Executivo de Passos Coelho geriu “mal” o dossiê – porque fez tudo “muito tarde”, já em cima de eleições e sem procurar consensos com a oposição –, Marques Mendes lembra que, “goste-se ou não, o concurso e o negócio realizaram-se e o contrato está fechado, ou seja, jurídica e legalmente o assunto está fechado”.

“O Governo até pode nacionalizar, mas e os riscos que isso terá? Logo à partida é um imbróglio jurídico garantido (bom para os advogados, mas mau para o Estado). Depois, se nacionalizar, terá pelo menos de reembolsar o dinheiro que os privados já lá meteram, ou seja, o Estado vai ter de abrir os cordões à bolsa”, defende o comentador da SIC. E lembra, a propósito, que isto não é aceite pela União Europeia, pois constituirá uma ajuda do Estado.

“Neste caso, a Europa vai exigir, como contrapartida, uma ‘Tapzinha’ com menos rotas e menos pessoas, o que implica despedimentos. António costa pode estar a criar aqui um problema social onde ele não existe”, alerta Marques Mendes, acrescentando que isso trará ainda um “dano de reputação” para Portugal: “Os investidores estrangeiros começam a dizer ‘mas que raio de país é aquele que não respeita os contratos?”.

paula.azevedo@sol.pt