Não há duas sem três? A vida mais difícil à esquerda

A CES e o Banif trouxeram os primeiros abalos à coligação da esquerda, ainda que Costa tivesse antes dito que não proporia o que o PCP não aceitasse.

Não há duas sem três? A vida mais difícil à esquerda

Há uma semana foi a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), agora o Banif. O governo de António Costa ficou sem o apoio do BE, do PCP e do PEV. Porém, na discussão do programa do Governo, António Costa proclamava uma unanimidade à esquerda, no caso com os comunistas, que está a ser posta em causa. «O que o PCP não está disponível para apoiar é também o que o PS não está disponível para propor», afirmava então o primeiro-ministro.

Por essa altura, Jerónimo de Sousa prometia aos militantes do PCP «não fazer favores» ao executivo do PS, mas também traçava uma linha vermelha: «Da parte do PCP o que o PS pode esperar é empenho e honra na palavra dada. Agora, não peçam é que abdiquemos do nosso projeto ou da nossa identidade».

Embora seja de prever que haja novas dificuldades (ver caixa), os socialistas contam com uma avaliação sensata por parte do PCP e BE para evitar uma crise que venha a ter consequências eleitorais graves, desde logo para os próprios partidos da extrema-esquerda.

No caso da CES e do Banif, esse risco foi calculado. Durante a interrupção do debate na última quarta-feira, ministros e deputados do BE e PCP fizeram mesmo questão de demonstrar, em conversas distendidas e sorrisos, que as boas relações entre ambos continuavam iguais.

O dirigente socialista José Junqueiro diz que «ninguém compreenderia» que comunistas e bloquistas «pudessem levar à queda de um governo que apoiaram, sobretudo quando este travou a direita» e conclui que «à esquerda do PS a ‘vida’ está mais difícil». Junqueiro, que há um mês prognosticava vida curta ao Executivo, prevê agora que «o Governo está para durar».

Comunistas e bloquistas falharam no apoio ao orçamento retificativo. Contudo, ambos os partidos tratam de afastar o Orçamento de Estado para 2016 como uma ameaça à unidade. «Desde que o PS respeite os termos do acordo com o BE não há dúvidas sobre a aprovação do Orçamento», garante Paulino Ascenção, deputado do BE na comissão de Orçamento e Finanças.