Boas novas do INE

Passou relativamente despercebida, como é costume, a divulgação trimestral que o INE faz das nossas contas com o resto do mundo. E os bons tempos anteriores, de défices financiados em boa parte por um endividamento rápido e substancial, antes de “batermos contra a parede” (Fernando Ulrich) dão agora lugar a um ligeiro, mas estável, e…

Para isso pesou um relativo clima da paz social (exceto na educação e na saúde), e, mesmo em empresas dos grupos anteriores, a paisagem não é uniforme.

Em algumas das empresas dos grupos anteriores; porque é que há tantos estudantes dos PALOP a virem estudar medicina para Portugal? E, porque é que das 3 escolas portuguesas que o Financial Times destaca no seu ranking, os cursos são inteiramente lecionados em inglês, se não para atrairmos os melhores até nós; e, caramba, quando queremos, sabemos ser competitivos).Temos hoje mais empresas que substituíram importações ou ganharam novos mercados de exportação, mas temos também as massas de desempregados que emigraram em busca de um futuro melhor, o que já não acontecia há meio século (400.000? 500.000? alguém saberá ao certo?

As contas externas portuguesas apresentam um valor muito melhor devido à queda preço do Petróleo. Mas essa queda apanhou desprevenidos muitos dos nossos emigrantes em Angola, alguns dos quais nem têm dinheiro para comprar o bilhete de regresso. E é assim muitas vezes em economia: o que se ganha de lado, perde-se por outro, o que deu a este campo de saber a alcunha “A ciência lúgubre”

Não escrevo isto para vos desanimar, apenas para frisar que o país continua no fio da navalha, e não fazer movimentos bruscos. Banqueiros com as contas bancárias congeladas pode parecer uma espécie de justiça poética, mas pode não ajudar a descobrir-se a verdade.