Ao contrário do que sucedeu com a solução para o caso BES, em que Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque ‘chutaram’ todas as responsabilidades do processo para o governador, no caso do Banif até foi o Governo de António Costa que deu a cara pela decisão de avançar com uma nova de medida de resolução, com uma injeção de fundos públicos superior a 2,2 mil milhões de euros, com uma venda do banco ao Santander por apenas 150 milhões de euros. Mas o governador voltou a sair chamuscado da decisão.
Carlos Costa assegura que a venda do banco e a medida de resolução foi uma «solução de último recurso que permitiu salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro nacional e proteger as poupanças das famílias e das empresas, bem como o financiamento à economia». Apesar das garantias de Carlos Costa, o país continua sem perceber porque se arrastou durante tantos anos a anunciada venda do Banif sem que tenha sido encontrada uma solução, deixando a decisão para o último dia.
A saída limpa do programa da troika/Governo e as eleições legislativas podem explicar a ‘inação’ do anterior governo, mas não desculpam as omissões do Banco de Portugal. A intervenção no Banif tornou-se um caso político – a Assembleia da República vai avançar com uma comissão de inquérito parlamentar – e também já está na esfera judicial, depois de o Ministério Público ter revelado que estava a analisar o caso.
Pelo meio, o governador falhou a prometida venda do Novo Banco, cujas consequências também ainda estão longe de estar definidas. Em Maio, o Governo de Passos Coelho decidiu reconduzi-lo no cargo por considerar que a sua atuação à frente do Banco de Portugal foi «globalmente positiva», mas esta decisão esteve longe de ser consensual. Carlos Costa termina o ano de 2015 ainda mais fragilizado do que quando começou.