Edgar Silva vs Maria de Belém. Ataque e contra-ataque com a Europa no centro

O candidato apoiado pelo PCP entrou ao ataque no frente a frente com Maria de Belém, na SIC-Notícias.

Acolitado por duas entrevistas da candidata socialista, acusou-a de estar disposta a dissolver o parlamento se o governo não cumprir os tratados europeus e o tratado orçamental. "Não é verdade", respondeu Maria de Belém, que se refugiou no facto de o tratado orçamental não estar inscrito na Constituição, que "jura" cumprir. Mas os outros tratados europeus estão: "O não cumprimento de tratados internacionais pode ser uma razão para dissolver se inviabilizar a nossa participação na União Europeia. Fez-se uma revisão constitucional para consagrar a participação na União Europeia. O Presidente da República é obrigado a garantir o respeito pela Constituição", justificou Maria de Belém.

Maria de Belém insistiu que "Portugal tem o dever de representar na Europa os interesses dos portugueses, mas não tem o poder unilateral de alterar as regras". O candidato comunista acusou Belém de ter uma "orientação de subserviência inaceitável" e comparou-a às posições de Passos Coelho e Paulo Portas. Foi a vez de Maria de Belém contra-atacar: "Se fosse eleito Presidente dizia 'não cumprimos'? Rasgaria os tratados? Está a acusar-me de uma posição que nunca foi a minha! Eu sempre disse que os interesses portugueses não foram suficientemente defendidos na Europa. O senhor quer encostar-me a uma coisa que não é verdade".

A "vingança" de Belém veio na questão Banif. Edgar Silva voltou a repetir que, se fosse eleito Presidente da República, promulgaria o orçamento retificativo "em nome do sentido de responsabilidade do Presidente da República" e "para evitar uma crise politica". Belém aponta "a contradição": "Manifesta-se contra a União Europeia e agora viabilizaria o Orçamento em nome do 'sentido de responsabilidade'? Isso é uma contradição. Eu viabilizaria o Orçamento a partir do momento em que o governo herdou aquele problema e que teria que ser utilizada in extremis a solução imposta pela União Europeia".

Os dois candidatos utilizaram palavras duas contra o Banco de Portugal. Edgar, mais violento, falou que "o regulador tem sido conivente com a agiotagem". Belém não foi por aí: "Em meu entender a regulação não tem sido capaz nem eficaz".

ana.lopes@ionline.pt