O jornalista da RTP começa o debate a perguntar a Neto "como podem os portugueses entregar-lhe a mais elevada responsabilidade política se a sua única experiência política é um mandato como deputado" do PS. Responde Henrique Neto: "Você está mal informado. A minha experiência política vem de longe. Comecei aos 14 anos no MUD juvenil. Durante todo o anterior regime fui oposição ao regime, estive com Humberto Delgado e com Arlindo Vicente [candidato presidencial apoiado pelo PCP que desistiu para Humberto Delgado], estive nos congressos de Aveiro [que juntou a oposição à ditadura].Participei em tudo o que foi oposição ao anterior regime".
Neto aproveita a deixa e atira com a toda a sua biografia que, na sua opinião, o torna o mais bem colocado para a função de Presidente. "A minha experiência vem de longe, mas não é só política. É de trabalhador, de operário, de dirigente industrial, de empresário. De facto, nenhum dos candidatos, nem do sistema nem de fora do sistema, têm a experiência política e económica, empresarial, que eu tenho".
Rodrigues dos Santos repete a experiência com Nóvoa: "Como podem os portugueses entregar-lhe o mais alto cargo político da nação quando a sua experiência política é zero". Nóvoa responde que "a experiência política é a história de uma vida, é a história de compromissos, uma responsabiidade cívica exercida desde os 14-15 anos, uma vida dedicada a um combate pelas liberdades, uma vida de permanente intervenção cívica, mas também uma vida dedicada à escola pública, à gestão de instituições, à universidade e essa é a verdadeira experiência de que os portugueses precisam para o mais alto cargo da nação". Para Nóvoa, "os portugueses estão cansados das pessoas que vêm das mesmas lógicas e precisam de uma renovação da vida política. Portugal precisa que a democracia seja alargada. Sim, sou político".
Nóvoa é contra a lógica do "não há alternativa", que leva a reduzir tudo "a uma fatalidade tecnocrática". Defende a "aposta nas pessoas, na qualificação" que é onde "está o futuro da inovação das empresas". Quer "um país mais preparado para enfrentar o século XXI".
Neto foi muito crítico de Nóvoa :"Fico sempre espantado com o candidato [Nóvoa] porque é um discurso que dá para tudo. Faz um conjunto de afirmações mas tão fora da realidade normal das pessoas que me pergunto como seria possível se chegasse a Presidente conseguiria fazer as mudanças que o país precisa. O país também está cansado de académicos. Nos últimos anos o país foi governado por académicos".
Neto insiste que Nóvoa é “um vazio de ideias e um vazio de propostas” e acusa-o de ter posições "incompreensíveis” sobre algumas figuras políticas: "Quando os jornalistas perguntaram a Sampaio da Nóvoa o que pensava sobre as idas de Mário Soares a Évora, respondeu: “‘Não comento as posições de Mário Soares’. Porquê? Ele é Deus?”.
Nóvoa afirma que não ouviu a Neto "uma única palavra sobre as soluções para o futuro”. Isto apesar de Neto ter afirmado ter previsto há 20 anos tudo o que aconteceu a Portugal e ao mundo – incluindo o terrorismo.