Assunção Cristas: Do campo para o Largo do Caldas

Ficou famosa por dispensar os funcionários do seu ministério de usarem gravata para pouparem energia no verão e foi a primeira governante a ser mãe durante o exercício do cargo. Agora quer ser líder do CDS/PP.

Assunção Cristas: Do campo para o Largo do Caldas

É caso para dizer que lhe tomou o gosto, pela política, é claro, e nem os quatro filhos, um dos quais de tenra idade, a demovem de querer ser líder do seu partido. Assunção Cristas é assim: determinada, pouco se importando com as ruturas. Esta mulher  com ar de dona de casa pouco desesperada, foi a primeira governante a ficar grávida e ter o filho no exercício do cargo – e a terceira na União Europeia –, e a gozar apenas 42 dias de licença de maternidade, partilhando com o marido a tarefa de tratar do bebé nos primeiros meses. Mas Cristas começou a dar nas vistas quando estabeleceu, segundo um despacho publicado em Diário da República, que os funcionários do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território estavam dispensados de usar gravata entre os dias 1 de junho e 30 de setembro, exceto se os contactos com entidades externas ou o protocolo assim o exigissem. A ministra pretendia, com essa medida, poupar energia no ar condicionado, que ficaria nesse período nos 25 oC, e contribuir para um mundo mais sustentável.

Diga-se que Cristas foi alvo de grande gozação com esta decisão, mas injustamente. Neste país de pacóvios, sempre que alguém faz alguma coisa diferente é atacado sem dó nem piedade até que a diferença passe a normalidade, e aí entra na categoria de génio.

Nascida há 41 anos em Luanda, Cristas revelou logo após o anúncio de renúncia de Paulo Portas que estaria na corrida pela liderança do partido, tal como o diário i noticiou em primeira mão.

Num partido conservador, que apesar de tudo se abriu muito com Paulo Portas, a ex-ministra da Agricultura terá a dura tarefa de levar o partido, em tempo de oposição, a fazer crer que tem algum sentido a sua existência e que não é apenas um apêndice do PSD à espera de voltar ao poder.

Cristas não começou a sua vida na política, pois foi professora universitária e trabalhou num dos escritórios de advogados mais influentes de Portugal. 

E é esta personagem que parte em busca de se tornar a segunda mulher à frente de um partido, depois de Catarina Martins. Não será de estranhar que venha a consegui-lo, atendendo à sua determinação no passado. Se era preciso calçar galochas para ir ver a lavoura, lá estava ela… Não consta que seja radical e o CDS bem pode ganhar com a sua dedicação.