O apoio da direção do PS à candidatura de Sampaio da Nóvoa não é novidade para ninguém. Mas ontem o PS apareceu em força no comício em Setúbal e até dispensou Sampaio da Nóvoa de entrar no confronto direto com Maria de Belém, no dia em que a candidata disse não esperar outra coisa que não o apoio do PS.
"Um partido é completamente livre de apoiar um candidato e a candidatura é o único órgão de soberania unipessoal. Não há outro", afirmou Vítor Ramalho, lembrando que não cabe aos partidos apresentar um candidato à Presidência da República. "É estranho uma pessoa que quer defender a Constituição não saber o que diz a Constituição", acusou ainda.
Também Ana Catarina Mendes deixou um aviso a Belém: "Não somos nós, homens e mulheres de esquerda, democratas, que estamos sempre a falar, e bem, em abrir a política aos cidadãos independentes? Não fomos nós que travamos uma eleições primárias com simpatizantes da nossa área? Para alguns essa é apenas uma boa intenção e quando nos deparamos com bom exemplo prático disso mesmo, reagimos como se o território fosse agora invadido. Limitar a vida política à vida partidária é não entender o apelo de muitos, muitos portugueses".
Sampaio da Nóvoa limitou-se a garantir que não veio para dividir ("Não vim para dividir") e que não vair fazer um favor a Marcelo Rebelo de Sousa. "Não faço esta campanha contra ninguém. Não faço esse favor aos candidatos apoiados pela direita. Recuso-me a perder tempos em ataques fraticidas e que nos afastam do foco desta campanha, do essencial desta campanha", afirmou ontem durante um comício em Setúbal, onde participaram cerca de 200 pessoas.
O adversário é Marcelo, o candidato fast-food
Enviados os recados para Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa tratou, mais uma vez, de clarificar que o seu adversário é Marcelo. Para o ex-reitor, "votar em Marcelo é escolher uma solução fast-food: está embalado com rótulo e publicidade, mas conhece-se mal o que está lá dentro e o pior vem depois, a comida sabe e faz pior e a médio prazo tem mesmo tudo para ser uma desgraça".
Eduardo Cabrita sublinhou que "nada é mais inimigo da democracia do que desvirtuar-se a importância da eleição presidencial, achando que ela estaria à partida resolvida, nem pela televisão, nem pela-pseudo popularidade, nem pela pseudo-manipulação de sondagens". Ana Catarina Mendes exortou o povo socialista a votar contra Marcelo ("Todos os socialistas têm um adversário: Marcelo Rebelo de Sousa") e frisou que "para os socialistas não é indiferente que um Presidente da República seja de esquerda ou de direita".
A dirigente do PS, que assumiu o seu voto em Sampaio da Nóvoa, admitiu que Marcelo pode ter mais votos já no domingo, na primeira volta, mas não antevê essa probabilidade como "inultrapassável". E insistiu no apelo ao voto, também para a segunda volta, a 14 de Fevereiro: "É importante que a esquerda não se engane. Na primeira volta escolhemos o candidato que preferimos e na segunda derrotamos o verdadeiro adversário, o candidato da direita", ou seja, acrescentou, "o candidato que quer convencer que é quem não é, e não é quem é, mas afinal ele é mesmo o que é".