Criada há quatro anos a Talkdesk permite desenvolver um call center em “cinco minutos”. A ideia surgiu em 2011, altura em que os dois jovens terminaram o curso de engenharia de redes no Instituto Superior Técnico (IST). A primeira versão do projeto foi feita em 15 dias e até dar os seus primeiros passos de sucesso foi um instante. “A ideia era boa e apareceram muitos empresários que estavam dispostos a pagar pela nossa solução”, confessa Tiago Paiva ao BI.
Atualmente a Talkdesk emprega cerca de 170 pessoas que se dividem em dois escritórios: Lisboa, que emprega 70 colaboradores, e Silicon Valley, nos Estados Unidos, onde estão os restantes 100, e que continua a ser o mercado de eleição da startup portuguesa. A carteira de clientes ultrapassa os 200 mil, distribuídos por 56 países. Já o objetivo continua a ser o mesmo desde que a empresa foi criada: crescer a atividade de negócio, conquistar mais clientes e manter o ritmo de crescimento de contratação. Mas tudo de forma sustentada. A entrada em bolsa está também presente nos objetivos dos dois empreendedores, mas admitem que não será para já. “Ainda é muito cedo para entrarmos no mercado bolsita. Não sei se vai demorar três anos ou mais. O importante é tomar as decisões certas na altura certa”, afirma.
A realidade é esta: quatro anos depois, a solução que quer ajudar as PME a gerir telefonemas sem precisarem de instalar um software específico ou equipamento de hardware, soma cerca de 22,4 milhões de euros de investimento. Só no ano passado, os empreendedores angariaram cerca de 19,3 milhões de euros junto de investidores internacionais como as sociedades de capital de risco norte-americanas DFJ (que já investiu em nomes como o Skype ou a ChartBeat), a Storm Ventures e a Salesforce Venture.
O jovem empresário, que atualmente passa mais tempo nos Estados Unidos do que em Portugal, confessa nunca se ter sentido discriminado por ter nacionalidade portuguesa. “Os clientes não querem saber se sou português ou não, para eles é completamente indiferente. O que lhes interessa é mesmo a solução que é apresentada”, salienta.
A verdade é que há cada vez mais empresários portugueses em Silicon Valley, onde nasceram gigantes como a Google ou o Facebook, um mercado muito competitivo, onde existem possibilidades de um enorme crescimento com as mais variadas oportunidades e em que o esforço individual é estimulado.
Fórmula de sucesso
Arriscar, trabalhar muito e acreditar no projeto são apontadas pelo empresário como as fórmulas de sucesso da Talkdesk. “Para se chegar a algum lado tem de se ter uma grande capacidade de trabalho e conseguir vender a sua ideia e o seu sonho, não só aos clientes e aos investidores, mas também às pessoas que trabalham no projeto”, garante. Desistir é uma palavra que não entra no dicionário do empreendedor que é dominado por palavras de ordem como correr riscos e aceitar desafios. Até porque Tiago garante que sempre teve o sonho de criar o seu negócio. “Quando estava a frequentar o curso sempre tive a ideia de lançar o meu próprio projeto. Nessa altura conheci a Cristina e resolvemos dedicar-nos à criação de aplicações online”.
Para o empresário, ser empreendedor tem de estar no seu ADN. “Quando apresentámos o negócio não sabíamos bem o que esperar. Foi uma grande surpresa”, mas está “bastante satisfeito com o resultado”. Para quem pretende seguir os seus passos de criação de negócio, o jovem aconselha a “ter muita coragem para arriscar em algo que à partida tem pequena probabilidade de dar certo. Para se ser empreendedor, é preciso ter mesmo gosto pelo que se faz. A jornada é difícil, é preciso renunciar a algumas coisas e fazer sacrifícios”.
Mas qual o segredo diferenciador da Talkdesk? A empresa cria soluções que permite aos clientes, em qualquer ponto do mundo, criar o seu próprio call center numa questão de minutos. Como? Através de uma plataforma tecnológica desenvolvida especialmente para criar um serviço de atendimento telefónico profissional, por via de um browser sem necessidade de instalar e configurar software e hardware. Desta forma, e em apenas cinco minutos, as empresas criam uma conta de serviço, registam os agentes ou operadores que atendem os telefones, compram um número de contacto e ficam aptas a receber chamadas dos clientes, com acesso a todo o historial de interações prévias, perfil do consumidor, entre muitas outras informações. Isto é possível através da integração com sistemas de e-mail, CRM, helpdesk, e-commerce e plataformas online que as empresas já utilizam diariamente nos seus negócios.
Características que não passaram despercebidas à “Forbes”. “Uma ótima surpresa”, segundo Tiago, “mas que não muda nada no negócio”, acrescentando, no entanto, que “revela um reconhecimento do que tem sido feito”.