O maior partido da oposição moçambicana acusa o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) de estar a promover uma campanha de «terrorismo de Estado», depois de o secretário-geral da Renamo ter sido baleado após uma conferência de imprensa em que denunciara ataques a outros dirigentes do partido.
Manuel Bissopo ficou gravemente ferido e um dos seus guarda-costas morreu na sequência de uma emboscada, na quarta-feira, após uma conversa com os jornalistas na cidade da Beira, onde denunciara a morte violenta de três dirigentes locais do partido nas últimas semanas. O carro que conduzia foi bloqueado por outras duas viaturas e os seus ocupantes abriram fogo contra o veículo onde seguiam os dirigentes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
«Condenamos esta tentativa de silenciar a oposição, é um ataque deliberado à democracia», disse à Reuters o porta-voz da Renamo, António Muchanga. Já o líder do partido, Afonso Dhlakama, mantém-se em silêncio sobre o sucedido mas cancelou um comício que estava agendado para ontem na mesma cidade, base de forte apoio popular da Renamo.
«Negamos que a Frelimo ou o Governo tenham responsabilidades na tentativa de assassínio de Manuel Bissopo», disse à mesma agência o porta-voz do partido que comanda a política moçambicana desde a conquista da independência. Uma garantia que não convence a líder parlamentar da oposição, Ivone Soares, que acusa o Governo de promover o «terrorismo de Estado» e responsabiliza a ONU por «assobiar para o lado» face a um ataque à democracia do país.