Os próprios comentadores vão na conversa e aceitam isso como justificação. Ou apresentam mesmo isso como justificação: «Era uma promessa eleitoral…».
Ora, a questão está posta ao contrário: se a medida não é boa, ou é inexequível, ou é má para o país, a promessa não deveria ter sido feita. Estamos mais uma vez no domínio das promessas pouco honestas. E não sei o que é pior: se não cumprir as promessas, como fizeram outros, se cumpri-las, como está a fazer o PS, com o risco de enterrar o país.
Eu preferia que as promessas não fossem cumpridas…
Outro argumento utilizado é que as medidas fazem parte dos acordos do PS com o PCP e o BE. Designadamente quanto ao Orçamento, diz-se que o Governo não pode recuar pois isso violaria esses acordos. Mas se é assim, a conclusão a tirar é que os acordos não deveriam também ter sido feitos.
Entretanto, se nalgumas áreas — como a Educação — os malefícios da acção do Governo só se verão muito mais tarde, no Orçamento há um ‘polícia’ que não vai deixar o Governo transgredir: a Comissão Europeia. E, aqui, António Costa está a ficar entre a espada e a parede: ou submete-se a Bruxelas, arriscando a ruptura com o PCP e mesmo com o BE, ou mantém os compromissos assinados com estes e entra em colisão com Bruxelas.
É impossível agradar ao mesmo tempo a Bruxelas e a partidos antieuropeus. Os malabarismos de Costa não podem durar sempre. As campainhas já estão todas a tocar: as agências de rating avisam, os juros sobem, os fundos recusam-se a financiar os bancos portugueses. O Partido Socialista não aprendeu nada com a Grécia. Muito mais depressa do que se pensa, a bomba vai rebentar.