Marques Mendes avisa que ‘vem aí um aumento de impostos’

“Podem estar aí em preparação nos próximos dias medidas muito aborrecidas, de aumento de impostos. É o que penso que vai acontecer”, disse ontem Marques Mendes, na SIC, a propósito das negociações entre o Governo e a Comissão Europeia sobre o Orçamento do Estado.

Para o comentador, "acabou o estado de graça deste Governo e o ministro das Finanças, então, está quase em estado de desgraça: nunca se viu um esboço de OE ser tão criticado", fazendo o pleno da UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República), o Conselho  de Finanças Públicas, Comissão Europeia e agências de rating.

Com medidas como a devolução mais acelerada dos cortes nos salários da Função Pública e pensões, e a eliminação da sobretaxa do IRS, entre outras, "estamos a falar num agravamento do défice estrutural em mil milhões, ou seja, 0,6% do PIB", revelou Mendes. E acrescentou que, na carta enviada na semana passada, a Comissão Europeia exige ao Governo que apresente uma compensação para esse aumento. "Eu não sei qual será, mas, percebendo um bocadinho destas matérias, não pode ser um corte de despesa de mil milhões, portanto vamos ter provavelmente um aumento de impostos, seja o IVA, o IRS, o imposto sucessório, um imposto sobre grandes fortunas…".

Marques Mendes antevê que "vai ser um choque" e "um murro no estômago" das pessoas: "Mesmo que a Comissão Europeia não exija uma redução do défice, vai exigir pelo menos que não haja um agravamento". Ou seja, "não há milagres nem magia: se eu aumento a despesa, tenho de a compensar ou com outra redução da despesa ou com aumento de impostos".

Quanto ao PCP e ao BE, não restará alternativa senão votarem essas medidas duras do OE, sob pena de abrirem uma crise. "Tudo na vida tem uma contrapartida. Evidentemente que o PCP e o BE vão torcer-se todos para aprovar isto, mas qual é a alternativa? Não votar isto é acabar com o acordo que apoia o Governo, é ir para eleições".