Empresas despedem através de e-mail

Nos últimos três meses saíram de Angola cerca de 13 mil trabalhadores portugueses com ordenados em atraso. De acordo com Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção Civil, “muitos regressaram a Portugal, outros foram para outros destinos como o Gana ou Moçambique”.

Mas os ordenados em atraso não são o único problema. O SOL teve acesso a documentação que mostra que há trabalhadores despedidos através de e-mail. Depois de confrontar o empregador com dívidas por saldar, um trabalhador acabou a missiva a solicitar o pagamento, apesar de se mostar “disponível” para continuar a trabalhar. A resposta foi assertiva: “Agradeço desde já a sua disponibilidade, mas quem o dispensa agora sou eu”, escreveu o responsável da empresa.

O presidente do sindicato da construção explica que há “mais casos” de trabalhadores despedidos por esta via e que em alguns casos as dívidas chegam a 20 mil euros.

Com a crise cambial e de pagamentos, as empresas não conseguem fazer face às despesas e vivem problemas graves de tesouraria. “Algumas estão a direcionar-se para outros mercados e a levar os trabalhadores para outros destinos”.

Segundo o sindicalista, há trabalhadores com dificuldades tão grandes que a própria habitação em Portugal está em risco.  “Há familiares de trabalhadores da Soares da Costa, por exemplo, que já não têm dinheiro para pagar a luz e água. Têm que entregar as casas ao banco. Estamos a falar de uma situação em que a empresa não paga há três meses”.