Mas os ordenados em atraso não são o único problema. O SOL teve acesso a documentação que mostra que há trabalhadores despedidos através de e-mail. Depois de confrontar o empregador com dívidas por saldar, um trabalhador acabou a missiva a solicitar o pagamento, apesar de se mostar “disponível” para continuar a trabalhar. A resposta foi assertiva: “Agradeço desde já a sua disponibilidade, mas quem o dispensa agora sou eu”, escreveu o responsável da empresa.
O presidente do sindicato da construção explica que há “mais casos” de trabalhadores despedidos por esta via e que em alguns casos as dívidas chegam a 20 mil euros.
Com a crise cambial e de pagamentos, as empresas não conseguem fazer face às despesas e vivem problemas graves de tesouraria. “Algumas estão a direcionar-se para outros mercados e a levar os trabalhadores para outros destinos”.
Segundo o sindicalista, há trabalhadores com dificuldades tão grandes que a própria habitação em Portugal está em risco. “Há familiares de trabalhadores da Soares da Costa, por exemplo, que já não têm dinheiro para pagar a luz e água. Têm que entregar as casas ao banco. Estamos a falar de uma situação em que a empresa não paga há três meses”.