Ofensiva em Alepo gera nova vaga de refugiados

A ofensiva do governo sírio, apoiado pela aviação russa, sobre a cidade de Alepo está a provocar nova crise humana na fronteira com a Turquia, para onde fugiram milhares de pessoas em busca de refúgio. Segundo as autoridades do país cerca de 35 mil sírios estão junto à fronteira, mas não é claro quantos já…

Ofensiva em Alepo gera nova vaga de refugiados

Serão na maioria, mulheres e crianças, sob a chuva e o frio.

Segundo ontem disse o vice-primeiro-ministro Numan Kurtulmus à CNN-Turquia, cerca de 15 mil já entraram nos últimos dias, estando cerca de 30 mil do outro lado da fronteira. No sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros Mevlut Cavusoglu tinha avançado com cinco mil já admitidos em território turco, com “outros 50 a 55 mil a caminho”. “E não os podemos deixar ali ficar”, disse, citado pela Al-Jazeera.

A confusão continua, porque ao mesmo tempo o governador da província de Kilis, que faz fronteira com a Síria e onde estas pessoas estão concentradas, explicou que os refugiados estão a ser acomodados em campos no lado sírio da fronteira. Apesar de não estarem em território turco, estão a receber auxilio do país. Suleyman Tapsizque, acrescentou que, porém, as fronteiras só serão abertas perante uma “crise extraordinária”.

A União Europeia fez um pedido nesse sentido. A alta representante da UE para Política Externa, Federica Mogherini, apelou à Turquia que deixasse entrar os sírios retidos do outro lado da fronteira.

“As nossas portas não estão fechadas, mas de momento não há necessidade de alojar essas pessoas dentro do nosso território”, assegurou o governador da província, contrariando a informação do governo e dando força à ideia de que as autoridades turcas estão a criar uma zona tampão.

Segundo o vice-primeiro-ministro, a Turquia já esgotou a sua capacidade de acolhimento, albergando 3 milhões de refugiados, sendo que 2,5 milhões são sírios. “A Turquia atingiu o fim da sua capacidade” disse Kurtulmus, acrescentando: “Mas essas pessoas não têm para onde ir. Ou morrem nos bombardeamentos e a Turquia assiste ao massacre como o resto do mundo, ou então abrimos as nossas fronteiras”.

A este dilema respondeu o presidente, Recep Erdogan. “Se chegarem à nossa porta e não tiverem outra alternativa, se necessário temos e iremos deixar os nossos irmãos entrarem.”

Em Oncupinar, a 60 km de Alepo, existe um dos 22 campos geridos pelas autoridades onde residem uma pequena parte dos refugiados que estão no país. Dados das Nações Unidas referem que perto de dois milhões de sírios estão oficialmente registados pelo Governo turco.

Além da crise humana, a ofensiva em Alepo levou à suspensão das conversações para um projeto de paz na Síria, que estavam a decorrer em Genebra.