A autora acabara de lançar, no ano passado, o romance Vai e Põe uma Sentinela, considerado um acontecimento editorial, uma vez que Lee não publicava desde a sua estreia literária, em 1960. As críticas à obra, publicada em Portugal pela Elsinore, dividiram-se.
Mas é Não Matem a Cotovia que constitui indubitavelmente a sua opus magna. Passado na América Sulista, conta a história de um negro injustamente acusado de violar uma mulher branca. Embora a autora esperasse “uma morte rápida e misericordiosa às mãos dos críticos”, o livro tornou-se um sucesso imediato. Recebeu o Pulitzer de ficção de 1961, foi transformado num filme com Gregory Peck em 1962 e no final da década seguinte já tinha vendido dez milhões de exemplares.
Harper Lee foi amiga de infância do escritor Truman Capote e inclusivamente apareceu num dos seus livros de inspiração autobiográfica, Outras Vozes, Outros Lugares. Apesar da aclamação unânime da sua obra, preferiu sempre viver recatadamente na sua cidade natal, onde muitos apaixonados faziam visitas para conhecerem o cenário onde se desenrola Não Matem a Cotovia.