Em editorial, defende-se que “a instrumentalização da justiça portuguesa para lançar na lama o nome dos dirigentes angolanos e africanos de uma forma geral prossegue de forma frenética e imparável”.
Acusa-se “os responsáveis da antiga metrópole colonial” de manipular “os corredores da justiça para tentarem conseguir os seus intentos de neo-colonização”, depois “dos artifícios fracassados da desestabilização militar e da guerra, depois de perderem no campo das eleições e depois de falharem no domínio bancário e económico”.
“Depois de tanto fracasso, voltam desta vez a atentar contra a honra, o bom-nome, a imagem e a reputação do Vice-Presidente de Angola, procurando envolvê-lo em mais um escândalo de corrupção de tantos que atravessam hoje Portugal e a Europa e que revelam o estado de imoralidade e falta de integridade preocupante que se nota em alguns círculos do velho continente”.
O autor do editorial acrescenta que “por cada novo escândalo e crise que rebentam em Portugal, a atitude quase pavloviana que se instalou na sociedade portuguesa, por culpa de políticos antigamente ligados à UNITA de Savimbi e ao apartheid e agora movidos pela fúria da vingança, de estabelecerem uma ligação directa de Angola aos problemas que surgem parece doentia, fruto de recalcamentos não curados e a precisar de urgente tratamento psicanalítico”.
“A reacção de grande dignidade de Manuel Vicente face à nova campanha que contra si foi arremessada pela comunicação social portuguesa, respondendo cabalmente às alegações da ‘Operação Fizz’ postas a circular pela Procuradoria-Geral da República de Portugal e manifestando a sua total disponibilidade para esclarecer factos que lhe são atribuídos” é, considera o Jornal de Angola, “suficiente para compreender este novo episódio como mais um exemplo tanto da falta de pudor como do revanchismo luso”.
Aproveita ainda a os recentes escândalos na FIFA, – “tal como sucede e ficou suficientemente demonstrado” – para considerar que “os esquemas de fraude e corrupção mundiais nascem e desenvolvem-se a partir da Europa, e não fora dela, e esse facto retira toda a credibilidade e atira até para o campo do ridículo todo o discurso académico e bem-falante que vem de alguns dirigentes e eurodeputados de Bruxelas acerca da necessidade do combate à corrupção e da promoção dos direitos humanos para o continente africano”.
O jornal aproveita ainda para criticar “o angolano hoje director-adjunto do semanário ‘Expresso’”, Nicolau Santos, que criticou recentemente a alteração à Lei da Nacionalidade angolana, mas “nunca levantou a sua voz” para criticar “a injustiça que foi o Estado português suspender o pagamento a milhares de angolanos que fizeram descontos durante muitos anos de serviço e deixaram de receber as suas pensões apenas por não conseguirem provar a sua ‘ascendência portuguesa’”.
“Percebe-se que em Portugal é muito mais fácil exigir direitos do que respeitar os dos outros. Enquanto a corrupção, o clientelismo e a vontade de vingança decidirem o actual pensamento europeu e a justiça, tudo vale como instrumento de ataque contra Angola e os seus dirigentes”, finaliza o autor do editorial.
Além deste artigo de opinião que vincula a direção do Jornal de Angola, também o cartoon é apontado a Portugal. "Os tugas navegam em águas turvas" diz um homem que está a ler um jornal, a que o seu acompanhante responde: "Estão a inventar outro 'cabo das tormentas'?"