PSD eCDS definiram uma estratégia de médio prazo para fazer oposição ao PS. Passos Coelho, que vai hoje a votos nas diretas do partido, rumo à reeleição, admite na moção de estratégia que o «o país não precisa de andar sempre em eleições», e faz votos para que António Costa consiga cumprir a legislatura.
Também Assunção Cristas não quer o CDS a fazer política do bota-abaixo. «Rejeitamos a lógica permanente da luta, dos ganhadores e dos perdedores», escreveu a candidata à liderança dos centristas na sua moção apresentada na semana passada.
Os dois líderes frisam que PSD e CDS estão prontos para governar. «Um desafio que não tem dia marcado», diz Cristas. Por ora, não se pensa em alianças. Passos e Cristas não incluíram nas suas moções as respetivas estratégias para as próximas legislativas – que, no cenário mais otimista, só irão decorrer em 2019.
PSD e CDS vão separados?
O que não os compromete oficialmente com a hipótese – admitida nos bastidores – de eleições antecipadas já num prazo de dois anos. Passos e Cristas reconhecem que PSD e CDS são parceiros «privilegiados». Mas a candidata à sucessão de Paulo Portas insiste que PSD e CDS devem concorrer sozinhos às próximas eleições. Passos também reconheceu esta semana àSIC que «cada partido precisa de crescer, precisa do seu próprio espaço».
Há tropas de um lado e de outro que vêm defendendo caminhos autónomos para dois partidos que estiveram juntos no Governo e que, na oposição, estão obrigados a defender uma herança que dizem estar a ser destruída por PS, BE e PCP.
Mas há quem levante dúvidas sobre a coreografia de Passos e de Cristas. «Dizer que PSD e CDS são partidos diferentes pode não chegar para o eleitorado perceber essas diferenças», admite um dirigente social-democrata ao SOL. «Cristas já mostrou que pode fazer um embate com Passos. Mas é preciso esperar o momento certo para diferenciar com eficácia», defende um dirigente do CDS.
Para já, ainda não há sinais de divergências públicas entre PSD e CDS. Mas Cristas, numa entrevista ao SOL, clarificou que na governação foi o CDS quem tentou travar a austeridade. «Talvez Passos sinta mais necessidade de pedir desculpa pela austeridade», atirou.
CDS contribui para o OE
Passos recusa responsabilidades no Orçamento do Estado que já foi aprovado na generalidade. O ex-primeiro-ministro aposta na radicalização do PS, que acusa de estar nas mãos de «forças políticas populistas e radicais». Prova disso, é que o PSD não só vota contra o Orçamento como se abstém nas propostas de alteração ao diploma, incluindo as do CDS. E ataca duas frentes: obriga Costa a votar as propostas do BE, PCP e PEV indesejadas pelo Executivo e poderá, mais tarde, acusar o CDS de ter pactuado com Costa.
Mas Cristas não recua na tentativa de influenciar o diploma – e o PS. Já veio defender que não basta fazer oposição: é preciso mostrar ideias. Portas anunciou uma: o CDS vai tentar impedir o imposto retroativo sobre as doações no Orçamento. A sua sucessora, que vai a votos no próximo fim de semana, também já admitiu ao Público um governo PSD, CDS e PS sem Costa. ÀTSF assegurava que as diferenças entre PSD e CDS «ficarão claras». Pelo menos, até às legislativas.