O texto começa com o posicionamento do país no mundo. "Daqui a 20 anos, Portugal é reconhecido e respeitado internacionalmente como um parceiro atento e ativo na cena internacional", imagina Cristas, que acha que daqui a duas décadas este país ideal que será fruto de um programa que tem para os centristas terá redefinido o seu modelo geo-estratégico.
"Evoluímos na continuidade de uma política assente em três pilares – europeu, atlântico e lusófono – para um modelo de círculos concêntricos, que valoriza a relação de vizinhança com os povos árabes do mediterrâneo sul, nomeadamente do Magrebe, e dialoga privilegiadamente com os vários pólos que se foram afirmando nos continentes americano, africano e asiático", escreve a candidata a sucessora de Paulo Portas.
Na imaginação de Cristas, daqui a 20 anos a ação das políticas centristas fará com que haja crescimento e contas certas. "A economia portuguesa progride com confiança e as finanças públicas estão de boa saúde, tendo deixado definitivamente o padrão crítico de escassas décadas anteriores", diz a centrista, que prevê um país moderno, economicamente dinâmico, ecologista, criativo, inovador e socialmente justo.
Este país imaginado "é líder na adaptação às alterações climáticas, que se foram fazendo sentir de forma expressiva, e não desiste do desafio constante da mitigação"e "posiciona-se como uma verdadeira “start-up nation”, atraindo empreendedores de todo o mundo, para aqui começarem os seus projetos e a sua internacionalização. Atrai igualmente empresas de todo o mundo para testarem os seus produtos tecnológicos".
"Há cada vez mais pessoas que optam por trabalhar à distância, gozando a qualidade de vida que o mundo rural e as suas cidades de média dimensão proporcionam. O mundo rural é cada vez mais um destino regular para portugueses e estrangeiros", antevê Assunção Cristas, que também desenha um quadro otimista na educação.
"Os alunos portugueses permanecem mais tempo na escola e o seu sucesso bem refletido nos rankings internacionais. Portugal orgulha-se de um sistema de educação que não deixa ninguém para trás", "os jovens constroem caminhos académicos múltiplos e originais e as experiências de intercâmbio universitário são a regra" e "os adultos, mais e menos jovens, retornam com alguma regularidade à academia para reorientarem a sua carreira profissional ou concretizarem especializações"
Nesta prosa de ficção, "o relacionamento entre o Estado e as empresas é fácil e ágil e foi alcançado um nível de competitividade e de estabilidade fiscal que coloca Portugal entre os países mais atrativos para o investimento direto estrangeiro, que se tem vindo a multiplicar", ao mesmo tempo que se deu um salto na qualidade da Jutiça.
"No domínio da justiça, o tema da falta de celeridade está totalmente ultrapassado e discute-se a melhoria contínua da qualidade das decisões judiciais".
Em termos sociais, este país ficcionado é também bem diferente da realidade de hoje: "A mobilidade social é uma realidade em Portugal e a persistência da pobreza é residual". E a reforma da Segurança Social está feita.
"Depois da profunda reforma da Segurança Social, precedida de um amplo debate e de um largo consenso, começam a vulgarizar-se carreiras profissionais com pausas de seis meses e um ano em momentos chave, de maneira a tornar a vida ativa mais diversificada e interessante. Nesses tempos de interrupção, é comum o retorno à formação e ao estudo, a dedicação à família, bem como a permanência de períodos mais ou menos curtos no estrangeiro, seja para lazer, seja para enriquecimento pessoal e profissional", ficciona Assunção Cristas.
Constituição revista
Quando a candidata a líder centrista imagina o país ideal do futuro, a Constituição agora em vigor não tem lugar. Cristas acha que o texto tal como está é demasiado marcado politicamente à esquerda e precisa de uma revisão para o expurgar da ideologia que marcou a sua construção, por isso imagina que daqui a 20 anos já terá havido uma revisão constitucional nesse sentido.
"Portugal dotou-se, entretanto, de uma Constituição renovada, assente no humanismo e garantística, mas sem marcas de fação, permitindo a governação por todos os espetros políticos", lê-se na moção "Ambição e Responsabilidade para Portugal".
Como é que se chega a este país imaginado?
Assunção Cristas sabe onde quer que o país esteja daqui a 20 anos, mas não sabe ainda bem como lá chegar e é para esse debate que chama os centristas.
"Passar do ponto onde estamos hoje em Portugal para aquele onde gostaríamos de estar num horizonte de 20 anos, requer políticas públicas articuladas num conjunto de domínios", escreve Cristas, admitindo não ter ainda todas as respostas para o caminho que, no seu sentido, é necessário percorrer.
"A resposta a todas estas questões implica todo um programa de Governo que o CDS quer construir. Não é este o tempo. Este é o tempo de apontar a estratégia e nada melhor para o fazer do que colocar as questões. É o tempo da definição de prioridades. É tempo de apontar a estrada, reunir equipas e dar início a esse trabalho. É o tempo de desassossegar consciências e de assumir temas", assume.