Paulo Portas despede-se este fim de semana, em Gondomar, da liderança do CDS e da política ativa. A renúncia ao mandato no Parlamento será em breve e com a casa arrumada no Caldas o quase ex-líder prepara o seu futuro. Entre despedidas, como as desta quinta-feira dos funcionários do partido e da Juventude Popular, da qual passa a ser militante honorário, Portas tem mantido reuniões com líderes internacionais.
A rota dos negócios
Há cerca de um mês, esteve em Angola onde foi recebido pelo Presidente José Eduardo dos Santos e por aquele que é agora visto em Luanda como um dos nomes mais prováveis para a sua sucessão – o ministro da Defesa, João Lourenço.
Venezuela e Colômbia foram as outras paragens deste roteiro, já a pensar num futuro nos negócios. Portas quer dedicar-se às empresas e usar os seus contactos internacionais no mundo empresarial. O futuro pode passar, por isso, por integrar uma organização de apoio à internacionalização das empresas portuguesas ou pela integração numa empresa de um país com o qual Portas mantém boas relações, como é o caso do Qatar.
«Vi-o abraçar a diplomacia económica com entusiasmo e deverá ficar nessa área. Numa empresa ou numa organização, ajudará as empresas portuguesas», ensaia um amigo de Portas.
Negociações com SIC eTVI ainda não estão fechadas
Enquanto prepara os projetos que o vão ocupar depois de sair da liderança do CDS, Portas está ainda a analisar uma colaboração com uma televisão. SIC e TVI «fizeram as propostas mais fortes», explica fonte próxima de Portas, avançando que as negociações decorrem com alguma vantagem para a estação de Queluz.
Portas ainda estuda os moldes desta participação, mas quer inovar: «Há muita coisa para fazer em televisão além de comentário», aponta a mesma fonte. O que é certo é que o ex-vice-primeiro-ministro não será comentador de política nacional. Na SIC, as conversas têm sido em torno de uma colaboração pontual como comentador de assuntos internacionais, mas não está de fora o regresso a um formato semelhante ao que em 2006 fazia ao lado de Clara de Sousa, com espaço para recomendações de livros e filmes.
O fim do cavaquismo
Nesta última semana como líder do CDS, Paulo Portas não quis deixar de estar presente na última cerimónia de cumprimentos a Cavaco Silva, no Palácio da Ajuda. Mesmo sem ter sido convidado, apareceu com Assunção Cristas na despedida do Presidente, esta quarta-feira. Cavaco só tinha feito convites à família e aos membros da sua Casa Civil, mas, sendo a cerimónia aberta, Portas não resistiu a aparecer para um dos derradeiros momentos daquele que foi um dos seus grandes inimigos políticos enquanto diretor de O Independente.
Ninguém ouviu o que disseram, mas ficarão para a História estes dias em que os dois antigos inimigos saem ao mesmo tempo da cena política. Resta saber por quanto tempo estará fora o quase ex-líder do CDS. Muitos acreditam que não resistirá a uma candidatura a Belém.