Mendes critica Portas: demissão do governador não é solução

Marques Mendes criticou ontem o discurso de despedida de Paulo Portas do CDS, em que defendeu a demissão do governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa.

"Acho que a razão principal por que  Paulo Portas fez isso é porque ele tem nos últimos meses uma causa, que considera justa, que é a de combater a espanholização da banca portuguesa, que ele acha que é uma orientação do Banco Central Europeu", disse Marques Mendes, na SIC. "O problema é que a solução que propõe é errada. Pode ser mais sexy pedir a demissão de Carlos Costa, mas não é o mais correto"', acrescentou, defendendo que para combater aquele objetivo do BCE é preciso, antes, "pôr todos os órgãos de soberania — Presidente da República, Governo, Assembleia da República e governador — a remar na mesma direção".

Finalmente, salienta Marques Mendes, Portas tem aqui "um problema de coerência": "Há menos de um ano aprovou a recondução de Carlos Costa e agora quer que ele se demita?".

'Portas merece uma estátua do CDS'

De resto, Mendes considera que o discurso de despedida de Portas do CDS "foi uma espécie de ponte entre o seu passado e o seu futuro": "Tinha uma parte de passado, uma espécie de balanço da sua obra política e no CDS, e tinha uma parte do que há-de ser a sua vida no futuro. Já se percebeu que ele tem muito a vocação de política externa. Portanto, no momento em que ele fala muito de política externa e de Angola, acho que, naquele quadro, tem a ver com o seu futuro".

Quanto ao passado, "Paulo Portas merece que o CDS lhe erga uma estátua", defendeu Mendes, lembrando que, "quando herdou o partido, há 16 anos, ele estava em vias de extinção, moribundo". Ora, o CDS entretanto "cresceu, renovou-se, tem hoje quadros políticos de muita qualidade (coisa que não aconteceu no PSD, por exemplo) e sobretudo levou-o de novo ao poder".

Congresso do CDS teve "grande notícia para Fernando Medina"

Quanto ao Congresso do CDS, Mendes regista que a nova líder, Assunção Cristas, "deu hoje uma grande notícia a Fernando Medina". E isto porque, na sua opinião, ao afirmar que o CDS terá "uma candidatura forte" à Câmara de Lisboa, nas eleições de 2017, Assunção Cristãs "está a dizer que será ela a candidata, o que deita por terra uma coligação com o PSD em Lisboa".