O risco de o Novo Banco e de o BPI passarem a ser controlados por bancos espanhóis tem sido criticado por alguns setores em Portugal. A solução, aliás, irá ao encontro dos desejos do Banco Central Europeu, de consolidação da banca na Península Ibérica.
Na entrevista de hoje ao ABC, Marcelo Rebelo de Sousa começa por salientar a existência de uma “cumplicidade fraternal” entre Portugal e Espanha que “é quase impossível de ser melhorada”. Mas, acrescenta, “a verdade é que pode sempre ser melhorada”. Questionado pelo jornal, dá exemplos: “Gostaria que houvesse mais intercâmbio cultural, mais solidariedade entre as universidades e mais cooperação no mundo económico, especialmente no setor financeiro. Neste sentido, creio que Espanha teve, tem e terá uma posição muito forte, mas não pode ser exclusiva. Sei que Espanha compreende isto muito bem”.
Marcelo afirma ainda estar muito grato a Felipe VI por ter estado na sua tomada de posse como Presidente e lembrou que “há que ter em conta uma circunstância fundamental: a cumplicidade entre os dois países vai muito para além dos respetivos governos, é uma cumplicidade entre Estados”.
De resto, o Presidente reafirmou os seus objetivos, em termos internos, de ser um garante da estabilidade política em Portugal. Segundo descreve o diário espanhol, Marcelo “não terá vida fácil, pois cabe-lhe moderar o primeiro-ministro socialista António Costa, para que não se deixe arrastar pelos seus companheiros da esquerda radical”.
Antes de se deslocar a Espanha, Marcelo estará de manhã no Vaticano: “Porquê o Vaticano? Porque foi o primeiro a reconhecer a independência de Portugal em 1179. E mediatamente depois foi a Espanha”.