Contra o poder espanhol, vem aí o ‘manifesto dos 50’

O possível domínio de acionistas espanhóis na banca portuguesa levou o empresário Alexandre Patrício Gouveia a promover um manifesto contra as acensão dos investidores do país vizinho. O objetivo será reunir 50 personalidades num documento que deverá ser apresentado  dia 5 de abril.

A notícia do manifesto foi avançada ontem por Marques Mendes, no comentário semanal da SIC. O Diário de Notícias acrescenta hoje que o ex-banqueiro e antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos, João Salgueiro, está também associado ao projeto, estando previsto ser um dos porta-vozes. Já segundo o Diário Económico, Manuel Pinto Barbosa, antigo "chairman" da TAP, será igualmente um dos subscritores do projecto.

A questão da espanholização da banca tem sido suscitada com mais força desde a compra do Banif pelo Santander Totta, no final do ano passado. A possível aquisição do Novo Banco pelos espanhóis do CaixaBank, depois de ultrapassado o diferendo com Isabel dos Santos, é um cenário para o qual várias personalidades já alertaram.

Este sábado, o Expresso noticiou que o primeiro-ministro António Costa e a empresária angolana Isabel dos Santos terão acordado sobre a sua saída do capital do BPI a favor do La Caixa, abrindo o caminho para uma possível entrada de controlo no BCP, onde a sociedade angolana Sonangol tem uma posição de domínio.

A intenção do BCE

Mas porque estão  os espanhóis a reforçar em Portugal? Há quem aponte o dedo ao Banco Central Europeu (BCE), que gostaria de ver o sistema financeiro ibérico consolidar-se e ter bancos mais pujantes em Portugal.

Francisco Louçã já enviou uma carta ao ministro das Finanças, juntamente com o economista Ricardo Cabral, a alertar precisamente para  o “risco de espanholização do sistema bancário português”. A tese era simples: “O BCE quer o Santander como banco europeu de referência para a Península Ibérica”, escreveu Louça. Marques Mendes alertou também para esta questão, num comentário da SIC.

E o novo Presidente da República fez este alerta na sua visita oficial a Espanha. "É importante haver uma participação significativa, o que é diferente de haver um exclusivo. É uma posição de fundo. Nenhuma economia deve ter uma posição exclusiva noutra economia", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

joao.madeira@sol.pt