Numa linha de Obrigações do Tesouro a cinco anos, o Estado conseguiu colocar 504 milhões de euros a uma taxa de 1,84%, mais baixa do que a última operação semelhante, e a procura superou 1,76 vezes a oferta. Numa emissão a 14 anos, a taxa foi de 3,36% e a procura atingiu 1,61 vezes a oferta.
Os 1007 milhões de euros captados situam-se acima do topo do intervalo indicativo entre os 750 milhões e os 1000 milhões de euros que o IGCP tinha anunciado, “o que é resultado notável se considerarmos que os juros exigidos baixaram na linha a cinco anos”, realça Steven Santos, gestor do banco BIG, que elogia o “timming” da operação.
Este analista considera que atratividade da dívida portuguesa está relacionada com “a menor incerteza política sobre o Orçamento de Estado para 2016” e com o efeito BCE, que anunciou vai aumentar a compra mensal de dívida pública e beneficiou Portugal com uma “queda expressiva” dos juros no mercado secundário.
“Este processo de front loading por parte do Banco Central Europeu contribuiu directamente para o êxito do leilão do IGCP, na medida em que os investidores estão a descontar compras aceleradas do BCE a partir de Abril e a tentar comprar já títulos com maior rendimento”, frisa.
Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, aponta também para o impacto das decisões do BCE. “As taxas saíram em linha com o que está a ser feito no mercado secundário, portanto não houve surpresas. Toda a curva da dívida portuguesa tem vindo a descer nas últimas semanas, graças à rede de suporte que o BCE tem sido. O mais importante a salientar nesta emissão é que é com dívida de longo prazo que Portugal baixa o custo médio do seu financiamento. Considero estas taxas muito favoráveis para o país que vão baixar esse custo”, realça.
O gestor do Carregosa tira uma conclusão: os investidores continuam interessados em comprar dívida pública, mesmo nas maturidades mais longas que vão para lá do prazo do plano de estímulos do BCE . Ou seja, “acreditam que mesmo quando esse plano acabar, o BCE não deixará cair a dívida soberana europeia”.