É que estas investidoras angolanas estão classificadas na lista do BCE de ‘pessoas politicamente expostas’ (PEP na sigla europeia), estatuto que obriga os supervisores europeus, incluindo o Banco de Portugal, a limitar o grau e o alcance das suas atividades em nome do combate ao branqueamento de capitais e, por serem acionistas de risco, vulneráveis a oscilações políticas com repercussões no domínio financeiro em casos de emergência.
Isso não obriga a Sonangol ou Isabel dos Santos a saírem do núcleo acionista do BCP (fala-se, até, de o grosso da atual posição da Sonangol passar para as mãos da filha do Presidente Eduardo dos Santos), mas impede-as de assumir um papel dominante ou estratégico na gestão do banco, permanecendo apenas como ‘acionistas invisíveis’ meramente financeiro
No contexto do processo de concentração bancária que está em curso no sistema financeiro português, os espanhóis do Santander Totta, após a aquisição do Banif, ficaram com uma quota de mercado de cerca de 15%. E se for ultrapassada nos próximos dias a rotura das negociações no BPI e se consumar a passagem, até 10 de abril, do banco para as mãos dos catalães do La Caixa, com a saída de Isabel dos Santos do capital (que ficará, por troca, com o importante controlo do banco angolano BFA), este grupo espanhol assumira uma quota de mercado de cerca de 10%.
Concluídos estes dois processos, ficam por resolver os problemas dos dois maiores bancos a seguir à Caixa Geral de Depósitos (que tem uma quota de mercado de perto de 25%): a conclusão da venda do Novo Banco (com uma quota de 16%), falhada em 2015, e o reforço acionista do BCP (tem uma quota de cerca de 20%).
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