Mario Draghi pressiona solução

   

Participação no Conselho de Estado dá-se em pleno debate sobre ‘espanholização’ da banca e a dias do prazo do BCE para resolver problema do BPI.

Uma visita do presidente do Banco Central Europeu (BCE) nunca é apenas uma visita. Mario Draghi aceitou o convite do Presidente da República para fazer uma intervenção no Conselho de Estado de 7 de abril sobre a situação europeia. Mas, numa reunião que decorre três dias antes do prazo dado pelo próprio BCE para resolver o problema do BPI em Angola, a deslocação deverá servir para discutir a saúde do sistema financeiro, em encontros menos formais. 

O convite e a sua aceitação pelo presidente do BCE foram divulgadas pelo site da Presidência da República. Na mesma reunião, estará também presente o governador do Banco de Portugal.

O Conselho de Estado reúne-se a 7 de abril com Draghi. Marcelo Rebelo de Sousa convidou o presidente do BCE “para apresentar uma exposição ao Conselho de Estado sobre a situação económica e financeira europeia, convite que foi aceite”, lê-se no site. “Estará também presente neste ponto da agenda, como convidado” o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, acrescenta a nota informativa de Belém.

O mesmo Conselho de Estado vai debater o Programa Nacional de Reformas e o Programa de Estabilidade, mas já sem a participação do convidado estrangeiro. “Após concluído o ponto com a participação de Mario Draghi, o Conselho de Estado apreciará o segundo ponto da ordem de trabalhos”, sobre o Programa Nacional de Reformas e Programa de Estabilidade, esclarece o site.

A agenda de Draghi antes e depois do Conselho de Estado é desconhecida, mas no sistema financeiro acredita-se que a deslocação servirá para mais do que um discurso de meia hora.

Em plena discussão sobre a ‘espanholização’ do sistema bancário, e com o presidente da República e o primeiro-ministro envolvidos nos dossiês BCP e BPI, é expetável que haja discussões sobre estas matérias, à margem da agenda revelada publicamente.

Na semana passada, durante uma visita oficial à Região Autónoma da Madeira, o primeiro-ministro foi questionado sobre a questão do BPI e disse que Portugal funciona como uma “economia aberta”, sem olhar a nacionalidades.

Sem assumir que tinha reunido com Isabel dos Santos, salientou que é importante que Portugal tenha “um sistema financeiro estabilizado e devidamente capitalizado, certamente com capital nacional, mas também com capital estrangeiro, seja ele espanhol, seja ele angolano, seja ele alemão, seja americano”. 

Já o presidente da República assumiu que Segundo Marcelo, “justifica-se essa intervenção a pensar na estabilidade do sistema financeiro, a pensar na afirmação do interesse público” e tendo em conta a “forte componente pública” do sistema bancário português, “pela propriedade de uma instituição e também pelo envolvimento de dinheiros públicos fora dessa instituição”.