Ainda não passou um mês da tomada de posse, mas o Presidente não deixa de surpreender as almas mais sensíveis. Marcelo arrancou bem com o alargamento das cerimónias, tentando demonstrar tolerância para todas as raças e credos, não se ficou apenas por Lisboa e, com isso, conseguiu transmitir algum conforto a um país descrente que precisava de uma mão amiga neste momento difícil. É óbvio que ninguém está à espera que o Presidente substitua o governo e que consiga resolver os problemas do país, mas sabe sempre bem uma ação de charme.
À esquerda houve quem encarasse as cerimónias da tomada de posse como uma manobra semelhante aos passeios da Rainha de Inglaterra, mas esses não vivem uma vida dura que precisa de alguns estímulos fora da “caixa”.
Surpreendentemente, esta semana Marcelo trocou as voltas aos comentadores de esquerda ao confessar-se solidário com o governo, no que à sobrevivência da banca diz respeito, entrando em choque com Pedro Passos Coelho que entende que António Costa não tem que se imiscuir na vida da banca privada. Recorde-se que o primeiro-ministro recebeu a empresária Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano, para tentar, supostamente, acelerar a saída da empresária do BPI. Muito se falou que esse encontro seria para convencer Isabel dos Santos a avançar para a compra do BCP, mas segundo o SOL apurou tal não é verdade, pois a empresária está proibida pelo BCE de ficar com uma posição de controlo de gestão ou ser uma acionista de referência. Alega o BCE que a angolana é uma pessoa “politicamente exposta” e que não oferece garantias de transparência financeira.
Negócios à parte, Marcelo faz o que bem entende e pouco se importa se o PSD fica chateado com isso. Por outro lado, também fica claro que o Presidente quer ser uma voz ativa nos destinos do país e se hoje está do lado do governo, amanhã pode estar contra. É essa a essência de Marcelo que gosta pouco que as pessoas consigam encaixá-lo nesta ou naquela categoria.
Em menos de um mês, o professor da televisão portuguesa já foi recebido pelo Papa e pelos reis de Espanha, tomou posições que enfureceram o PSD e, garantidamente, não se ficará por aqui. Como disse na campanha eleitoral, quer ser um Presidente dos afetos. Bons para uns, maus para outros…