25 de Abril: a revolução aos quadradinhos

Se a cantiga era uma arma, a caneta também podia ser uma baioneta. É isso que mostram as ilustrações que saíram nos jornais nos anos mais quentes da Revolução dos Cravos. Testemunho irónico de dias atribulados, os cartoons são outra forma de olhar para a fundação da democracia a 42 anos de distância. É isso…

O espólio conta com 800 recortes de imprensa, a maioria de jornais portugueses, mas também com desenhos que saíram sobre Portugal na imprensa estrangeira. «Não houve uma intenção deliberada de colecionar este tipo de documentos. Faz parte do processo de crescimento e enriquecimento do próprio acervo do  Centro de  Documentação 25 de Abril, que vive sobretudo de doações de arquivos privados», conta ao SOL Natércia Coimbra, da direção do centro, explicando que muitas dos documentos doados são jornais e em muitos deles há cartoons, daí a ideia de os catalogar.

«Temos já organizada uma coleção de recortes de imprensa da época da Revolução de 1974, sobre assuntos muito variados, arrumada em mais de mil caixas temáticas. A partir de certa altura, achámos que o número de recortes de imprensa com cartoons políticos já justificava  arrumá-los separadamente», conta a responsável pelo Centro de Documentação 25 de Abril. 

Para já, os cartoons estão catalogados e guardados em três caixas, na sede em Coimbra, mas disponíveis para serem exibidos, em exposições itinerantes, sempre que alguma instituição mostre interesse nisso ou para serem consultados por historiadores que os queiram investigar.

António, Augusto Cid, João Abel Manta, Luís Afonso, Rui Pimentel, SAM e Vítor Ferreira são alguns dos autores identificados neste espólio, mas há alguns de autoria ainda desconhecida entre os recortes guardados. «Provavelmente, e no que respeita a jornais de anos anteriores a 1974, poderá haver pseudónimos», explica Natércia Coimbra.