Portugal. A bem ou a mal, Éder é (e provou) que vai ser o único avançado em França

A seleção das quinas venceu a Noruega (3-0) no primeiro de três jogos de preparação

Fernando Santos avisou e cumpriu: a seleção portuguesa vai ao Euro'16 em França para jogar sem avançados fixos em 4-4-2. Só tem lá um, Éder, jogador do Lille, e mal amado pelo público português. Prova disso foi o assobio que recebeu no Estádio do Dragão logo nos primeiros minutos – que nunca tinha recebido um amigável – diante da Noruega (vitória por 3-0) no primeiro de três jogos de preparação. O avançado português é a figura deste jogo por duas razões: na primeira  parte destacou-se pelo único fora-de-jogo de Portugal, na segunda porque fez um golo, depois de receber das mãos de Ricardo Carvalho a braçadeira de capitão, e ainda tentou bisar. Por isso, e por não haver mais ninguém com as caraterísticas de Éder, ele será o único ponta-de-lança português em França. A bem ou a mal.

Claro que falta falar dos outros 10 jogadores e principalmente de Quaresma. Sem Cristiano Ronaldo (nem Pepe ou Nani), foi o extremo do Besiktas a tomar conta do jogo. Da esquerda para a direita, a cruzar, fintar e a marcar – e que golo aos 12' -, fazendo o quinto ao serviço da seleção. Foi por ele que passou sempre o ataque de Portugal nos primeiros 45' mas um "Mustang", alcunha do ex-jogador do Sporting, tem de ser bem conduzido: foi isso que foi fazendo o lateral esquerdo Raphael Guerreiro, ao seu lado no corredor esquerdo, sempre disponível. No meio campo, João Mário e André Gomes provaram mais uma vez que sabem o que fazer com a bola e que o meio campo da seleção das quinas é o sector que oferece mais garantias (até porque tem mais soluções, sete ao todo). O jogo esteve controlado maior parte do tempo, mas aos 31', a Noruega, que está fora deste Euro, quis dar um ar da sua graça: Joshua King ultrapassou José Fonte e teve de ser Anthony Lopes (no lugar do habitual titular Rui Patrício) a tirar o pão da boca do norueguês. Poucas oportunidades (2-1 para a Noruega) e muita posse de bola para Portugal: 64% contra 36%. Um adversário que ofereceu resistência mas pouco jogo, quase como aqulo que iremos encontrar contra a Islândia.

A segunda parte trocou as voltas a Fernando Santos. Quase, a bem dizer. É que a Noruega mesmo não estando de malas aviadas para França queria deixar uma marca, mais do que simplesmente ser o país que fornece bacalhau às terras lusitanas. Foi crescendo no jogo, acreditando que podia chegar ao empate, tanto que aos 57' enviou uma bola ao poste de Lopes depois de um cabeceamento de Veton Berisha. Já antes King, o elemento norueguês mais irrequieto, tinha criado confusão na grande área portuguesa, mas André Gomes, a meias com José Fontes (Pepe ou Bruno Alves serão, por isto, titulares óbvios), curtou o perigo. Fernando Santos percebeu que era hora de mexer, e lá o fez: saiu João Moutinho por Adrien Silva, que deu a oportunidade de Raphael Guerreiro brilhar. Porquê? O esquerdino, de livre directo, fez o seu segundo golo ao serviço da seleção aos 64'. Estava feito o 2-0 sem grande esforço. Quatro minutos antes o impensável acontecia. Éder passava a ser capitão (com apenas 23 jogos por Portugal) porque Ricardo Carvalho saiu para dar lugar a Danilo Pereira, e Rafa por Quaresma, de longe o melhor em campo. Mas não foi de nenhum dos recém-entrados que nasceu o terceiro golo. Mas sim de uma combinação entre Cédric e João Mário que permitiram a Éder fazer um golo aos 70', coisa que não fazia há quase um ano (contra a Itália) – e ainda tentou bisar, mas o guardião Jarstein defendeu. Só ficou a faltar a troca de guarda-redes, porque Renato Sanches (por João Mário), Eliseu por Raphael e Vieirinha por André Gomes também entraram em campo, mas o jogo não trouxe mais nada de novo.

Mentira, até trouxe. Três jogos depois Portugal volta a não sofrer golos. Há dois anos e meio (vitória por 3-0 ao Luxemburgo) que a seleção não goleava – um feito inédito, já que Fernando Santos nunca tinha assistido a um resultado assim no banco. E há outro dado novo: a bem ou a mal, Portugal tem um avançado e o seu nome é Éder. E com o apoio de Quaresma, de Nani ou de Cristiano Ronaldo, poderá repetir o que fez este Domingo. Tem pelo menos mais duas partidas de preparação para convencer os adeptos portugueses: um no Estádio da Luz contra  Estónia e outro em Wembley contra  a Inglaterra. Será um caso de ver para crer.