O alinhamento português (leia-se equipa titular) foi diferente da do jogo contra a Noruega (3-0). Entrou Rui Patrício, trocaram-se os laterais (Eliseu e Vieirinha) e mudou-se um defesa central (entrou Bruno Alves, Ricardo Carvalho ficou), no meio-campo vestiram as chuteiras Danilo Pereira e Adrien. João Mário e João Moutinho transitaram do último onze. À frente, a boa exibição de Quaresma e o golo de Éder não lhes permitiu um encore no segundo jogo: Nani e Rafa (ainda sem Cristiano Ronaldo) ficaram com as despesas do ataque. Um onze mais próximo daquele que poderá entrar em França a partir do dia 14 de junho contra a Islândia, que encontrou um adversário mais forte, mais talentoso e mais veloz que os noruegueses.
Pois é, os ingleses – que a equipa nacional não encontrava há dez anos, quando venceu a Inglaterra no Mundial da Alemanha nos quartos-de-final em penáltis –, estão no lote de seleções que pode muito bem conquistar o caneco europeu. E porquê? Porque estão muito diferentes desde o Mundial de há dois anos em que ficaram na fase de grupos, e porque têm nomes como James Vardy, Dele Alli ou Sterling que dão uma velocidade e perigo ao emblema de terras de Sua Majestade que fazia falta.
Isso e saber bloquear o 4-4-2 português sem ponta de lança fixo. Na primeira parte não houve uma oportunidade que se ficasse na memória para a seleção das quinas e a Inglaterra, que apostou forte no jogo vertical (dos dois lados) e na velocidade ameaçou mais e melhor – especialmente num lance em que Patrício fez uma mancha magistral depois do remate de Rooney aos 11’ (só que estava em fora-de-jogo). Valeu pela bandeirola levantada.
Mas como as duas equipas anulavam o jogo uma da outra, era preciso arranjar outra forma de chegar ao golo. Primeiro com cruzamentos. Eliseu, que defendeu mal mas atacou bem, cruzou aos 19’ para João Mário e aos 33’ para “ninguém” (isto de não ter pontas de lança obriga os médios baixos de Portugal a surgir na área), só que a defesa inglesa, alta e musculada, não deu grandes hipóteses. Do outro lado foi Rooney o inglês mais perigoso, a surgir isolado por duas vezes, sem, no entanto, conseguir marcar. Se não eram os cruzamentos era do meio da rua, mas nem Nani (aos 17’) nem Walker (aos 31’) foram felizes nos remates.
Bruno Alves expulso Pois se não há golos e pouco futebol, tinha de haver qualquer coisa que excitasse os adeptos em Wembley. Foi Bruno Alves, ao estilo do “Karaté Kid”, que teve o momento da noite: aos 34’ foi expulso depois de uma entrada duríssima com o pé na cabeça de Kane – a terceira expulsão da era Fernando Santos. Jogar com menos um obrigou Portugal a ir para ao intervalo sem Rafa mas com José Fonte, para impedir a pressão cada vez mais alta dos ingleses.
A segunda parte deste jogo foi diferente. Com André Gomes (em vez de João Mário) e Quaresma (por Nani) sozinho, os homens de Roy Hudson, mesmo tendo o controlo do jogo, ficaram sem ideias para colocar a bola na baliza portuguesa. Gomes aos 57’ mostrou que os seus pezinhos de lã vão dar muito jeito – fintou Walker, Dier mas não Smalling. Fica a tentativa para avisar as outras 22 seleções.
A entrada da dupla veloz Sterling (do Manchester City) e Sturridge (do Liverpool) ameaçava a defesa remendada de Portugal, que, em todo o jogo, só consegui criar perigo aos 82’: foi preciso Quaresma , desmarcado por Sanches (entrou com William de Carvalho para o lugar de Adrien e de João Moutinho), fintar Walker e Smalling e assustar Hart com um remate ao poste direito. Sozinho fez mais que Rafa, Nani e depois Éder, que entrou nos minutos finais. Será que vai chegar em França?
Mas quatro minutos depois o 0-0 desfez-se. Smalling aproveitou um cruzamento da esquerda do jogador dos reds para colocar a seleção inglesa na frente do marcador. Não se pode dizer que foi merecido, mas quando há 11 contra 10, quem tem mais homens é quem pode dar mais música – mesmo que não seja perfeita.
Ora o concerto português não correu da melhor maneira, mas a banda de Fernando Santos tentou resistir até ao final. Gastaram-se cartuchos, cartões vermelhos e muito suor. Pode ser que com a Estónia no próximo dia 8 de junho, a música seja outra. Pelo menos o último jogo de preparação será no Estádio da Luz.