Preocupado com a imagem que o seu país passa para fora, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, convocou na quarta-feira passada uma dezena de correspondentes internacionais para explicar o que realmente se está a passar em França. Segundo o “El Pais”, que esteve presente no encontro, Valls explicou que os franceses “vivem um momento de enorme preocupação” principalmente devido ao terrorismo e aos protestos, mas que o seu país “é capaz de superar o teste”.
Durante o encontro, Valls falou sobre os protestos que têm varrido o país nas últimas semanas. “No fim do dia há a questão de como podemos reformar este país. Pode uma organização minoritária bloquear um país e forçar o fracasso de uma reforma prevista por lei? O que está em jogo não sou só eu ou o presidente François Hollande, vai mais longe que isso. Se voltarmos atrás, se retirarmos a reforma, amanhã qualquer reforma neste país será bloqueada através do uso da força”, disse Valls, citado pelo “The Guardian”.
O primeiro-ministro acabou por criticar a imprensa internacional. Valls disse que na Alemanha também houve greves de comboios e em Barcelona também houve manifestações. No entanto, na opinião de Valls, estes dois casos em concreto foram pouco desenvolvidos pelos media internacionais.
Os protestos em França têm ganho uma proporção cada vez maior. A poucos dias do início do Europeu de futebol, a greve dos transportes é o que mais preocupa o governo. Na terça-feira, foi iniciada uma greve nos comboios. Nesse dia, aderiram 17% dos funcionários, afetando metade das ligações. Ontem a greve chegou outra vez à aviação. Valls garante que as greves não vão afetar o Europeu.
Popularidade a descer A popularidade de François Hollande e Manuel Valls já não era grande mas tem vindo a descer, principalmente depois da aprovação da reforma laboral.
Uma sondagem recente, realizada pela emissora “itélé”, mostra que Hollande ganhou um novo recorde de impopularidade. Segundo a pesquisa, Hollande conta apenas com o apoio de 11% da população, cinco valores percentuais a menos do que no mês passado. Já Manuel Valls conta com o apoio de 14% da população, tendo registado uma queda de 8%.