António Costa

O Congresso do PS chega no melhor timing para o reeleito líder, ao fim de seis meses de Governo e com a ‘geringonça’ a merecer ainda a aprovação ou o benefício da dúvida da maioria dos socialistas. Mas o ambiente político e económico começa a toldar-se: as previsões orçamentais do Governo já caíram por terra, vem um OE retificativo a caminho, a Europa aumenta a sua desconfiança e até a estreita e afetuosa coabitação com Belém dá sinais de arrefecimento. O clima tem forte tendência para piorar. Para já, o secretário-geral perdeu as legislativas mas conseguiu ganhar o Governo. Só isso basta para ser aclamado no Congresso, como acontece a qualquer líder que esteja no poder.

Nuno Espírito Santo

Falhou Lopetegui, falhou Peseiro e cabe agora a vez ao técnico afastado há seis meses do comando do Valência. A aposta é de maior risco para Pinto da Costa do que para o jovem treinador de 42 anos. O presidente arriscará, pela primeira vez em 35 anos de liderança, ficar quatro anos seguidos sem vencer o título. E é difícil acreditar que o novo treinador, com uma carreira ainda apagada, venha a ser um novo Mourinho ou um novo Villas-Boas, que salvaram Pinto da Costa das situações mais críticas. De qualquer forma, o técnico ex-Valência e ex-Rio Ave fará seguramente melhor do que a época passada sem qualquer título da dupla Peseiro/Lopetegui.

Sombra:

Mário Centeno

Não são boas as notícias que vêm do exterior. Tanto a OCDE como a UTAO apontam já um défice na casa dos 3% e um crescimento anémico do PIB. O PS e o Governo assumem agora a inevitabilidade de um retificativo, antes tão veementemente rejeitado. E as 35 horas, entre outras benesses, só ameaçam fazer derrapar ainda as contas públicas. Até o sorriso permanente deste ministro começa visivelmente a esmorecer.

Ana Paula Vitorino

Vai ficar no seu currículo de governante com este triste acordo que patrocinou, à pressa e sob pressões várias, com os estivadores radicais do Porto de Lisboa. Permite um regresso às mais nefastas práticas de trabalho do passado e ameaça contaminar negativamente os outros portos do país. Os operadores e estivadores espanhóis agradecem a falta de concorrência.

Crónica originalmente publicada na edição em papel do SOL de 04/06/2016