É uma máquina infernal de fazer golos e vai bater todos os recordes quando na próxima terça-feira entrar em campo para defrontar a Islândia: se já é o melhor goleador da Seleção portuguesa, com 58 golos, nesse dia iguala o recorde de internacionalizações de Luís Figo, 127 jogos com as quinas ao peito. Ronaldo é o símbolo máximo de um país que olha para o futebol com um orgulho que não tem em muitas outras áreas. Há duas semanas poucos acreditavam que estivesse recuperado da lesão que afetou o final de época no seu clube, mas o craque português parece ter renascido com as férias em Ibiza.
Segundo rezam as crónicas, nunca deve ter existido um jogador tão obcecado em bater recordes como Ronaldo, que para o efeito se sujeita a experiências inovadoras, além de preferir dedicar-se à melhoria da sua condição física em detrimento de outros prazeres. Carlo Ancelotti, seu antigo treinador no Real Madrid, contou mesmo um episódio revelador da “doença” do craque em relação à profissão. Quando namorava com a modelo Irina, Ronaldo chegava a deixá-la em casa à espera enquanto ficava no ginásio do clube até às três da manhã.
Fosse para tomar banhos de água gelada ou para usar os equipamentos de que não dispunha em casa, onde tem um aparelho que lhe permite submeter-se a tratamentos com temperaturas inferiores a 200 graus negativos.
O jogador que nasceu na Madeira e que veio jogar para o continente ainda criança, onde esteve praticamente sozinho sofrendo com a distância da família e por ter um sotaque carregado, conquistou o mundo, tornando-se numa das personagens mais conhecidas em termos planetários.
Por tudo isso, carrega em cima dos ombros o sonho de um povo que nunca ganhou nada em termos de seleção de futebol, no que aos seniores diz respeito. E como somos um país meio esquizofrénico, com a vitória de 7-0 sobre a Estónia o povo foi para a rua despedir-se da equipa e as televisões fizeram longos diretos da viagem do autocarro desde o hotel até ao aeroporto. Como também não costumamos aprender com os erros, a euforia tomou conta do país como se já tivéssemos ganho o Campeonato da Europa que ontem começou. Em 2004 demo-nos mal com tanta algazarra, esperemos pois que desta vez a Seleção consiga trazer para casa o título, embora seja de bom tom frisar que não somos os favoritos. Esses são aqueles que estão habituados a ganhar, como é o caso da Alemanha, Espanha, Itália e França…