Tem dado a cara pelos colégios privados. Tem sido uma discussão ideológica entre a direita e a esquerda. O que está em cima da mesa é um problema ideológico?
Eu tenho dado a cara pelos contratos de associação – é diferente. Os privados são outra realidade. Uma realidade que prezo muito, mas não é o que está em discussão. Os problemas da Educação são muito complexos e é muito tentador reduzi-los a uma discussão linear. Existem questões ideológicas de fundo, mas neste momento o que está em discussão é o cumprimento dos contratos realizados em junho do ano passado e foi essa a luta do CDS pela qual eu dei a cara. Trata-se de garantir que sejam cumpridos os contratos e garantida a esses colégios e às famílias a estabilidade que era previsível. Quando terminarem esses contratos, tendo em conta que existe um governo com uma visão ideológica diferente, admito que seja feito um desenho diferente. Não consigo concordar é que antes do fim dos contratos tenha sido alterada a situação sem que seja dado tempo aos colégios para que se reequacionem.
Mas defende que os contratos sejam mantidos se a oferta for melhor.
Essa é a discussão mais ideológica. Havendo excesso de capacidade qual é a escola que se deve escolher? Renovar contratos ou optar pela escola pública? A posição do CDS em caso de excesso de capacidade é que o critério de escolha deve ser a qualidade.
Mas isso não criaria uma situação de injustiça em que os alunos de algumas zonas do país teriam essa opção e outros não? Ou teria que alargar este modelo ao resto do país.
Isso seria abrir um outro debate, que não está em cima da mesa e que é o da liberdade de escolha. Estamos ou não disponíveis para alargar este modelo a todo o país? E para isso até podem existir outros instrumentos. Mas reconhecemos que fazer um caminho como este implica um consenso alargado e um estudo alargado da rede de Educação e isto precisa de tempo.
Qual é a opinião que tem sobre a escola pública?
É muito difícil fazer essa leitura nacional. Existem muitos bons casos na escola pública, muitas vezes com um trabalho extraordinário. E existe escola pública não tão boa. Da mesma forma que no privado encontramos a mesma realidade.
Não diria que, em geral, o privado é melhor do que o público.
Não. Não diria que o privado é melhor do que o público, mas sim que em muitos casos o privado é muito bom, porque as circunstâncias em que ele opera são à partida também já muito boas.
Conforma-se com uma realidade em que muitos pais podem dar ao filho uma boa escola e outros não têm essa capacidade?
Não me conformo e, por isso, é que me bati pelos contratos de associação como sendo uma forma de, nalguns contextos menos favorecidos, os pais poderem dar um ensino de maior qualidade aos seus filhos. E por isso é que me custa quando dizemos que isto tem de ser tudo igual para todos. Sinto que aqueles que têm mais dinheiro resolverão sempre a sua situação e aqueles que têm menos não a resolverão.
Tem três filhos. Optou pela escola pública ou privada?
Os meus filhos estão, neste momento, na escola privada por uma questão prática que é uma escolha confessional. Era a minha escola e estão no São João de Brito. A minha filha mais velha vai agora para o 10.º ano, na escola pública, e já me disse várias vezes: «para o ano já estou na escola pública e a mãe já pode dizer que tem um filho na escola pública». A escolha foi dela e fê-lo com toda a liberdade