Os consumidores portugueses continuam muito dependentes dos carros movidos a combustíveis fósseis. Apesar de o número de vendas de carros elétricos ter aumentado, as vendas ainda sou pouco expressivas tendo em conta a dimensão do mercado.
No ano passado foram comercializados 645 viaturas elétricas, o que representa uma subida face aos números verificados em 2014, altura em que foram vendidos 216 carros. Nos primeiros três meses deste ano já foram vendidos 164, segundo os dados da Associação do Comércio Automóvel (ACAP – muito longe da meta prevista por José Sócrates, no seu segundo mandato, quando previa uma quota de 10% de carros elétricos até 2020.
Nos dois governos Sócrates chegou a ser oferecido um incentivo de cinco mil euros na compra de carros elétricos, valor que poderia chegar aos 6500 euros se incluísse a entrega de veículo antigo. Estes apoios foram interrompidos com a mudança de Governo para a direita, em 2011. Mas, no final do mandato do PSD-CDS, a reforma da fiscalidade verde acabou por dar um novo impulso ao mercado.
Um novo pacote de medidas entrou em vigor em 2015 e, apesar de não ser tão generoso como o programa anterior, deu um novo alento à venda de automóveis elétricos, que disparou 241% face ao ano anterior. Este mercado voltou a sofrer um abanão em termos de benefícios.
Os incentivos fiscais à compra de carros elétricos sofreram uma redução com a entrada em vigor do novo Orçamento do Estado (OE2016), comparativamente com o que estava preconizado na lei da fiscalidade verde.
No entanto, os incentivos fiscais à compra de carros elétricos previstos no OE2016 prevêem um apoio garantido de dois anos (até aqui tinha sido anual), mas é regressivo – ou seja, em 2017 será metade do valor do subsídio atribuído em 2016. O incentivo foi sempre visto pela ACAP como uma medida para nichos e com muito pouca repercussão no mercado.
Aposta no abastecimento
Apesar destes cortes, o Governo pretende acelerar a conclusão da rede de carregamento de carros elétricos, cuja escassez tem sido considerada um dos principais entraves para a compra de carros elétricos.
O Executivo anunciou em fevereiro que a rede Mobi.E vai ser alvo de intervenção a partir de setembro e irá receber um investimento de 1,9 milhões de euros, com o objetivo de concluir o plano inicial da rede lançada em 2010. Vão ser instalados 124 pontos de carregamento normal para que a rede fique completa, com 1250 postos espalhados por Portugal.
Com este investimento, António Costa quer retomar a iniciativa “num domínio que esteve praticamente esquecido nos últimos quatro anos”. A rede foi lançada em 2010 por José Sócrates, mas esteve parada durante o governo de Passos Coelho.Outro problema que tem sido apontado é a fraca autonomia das baterias. Por norma, não conseguem durar mais do que 200 quilómetros, o que faz com que este tipo de veículos seja usado essencialmente para deslocações curtas e sobretudo urbanas. A somar a estes obstáculos há que contar ainda com o custo elevado deste tipo de veículo.