“Em política, o que parece é; o que significa que quem faz parecer faz a política ser. Um título duma notícia num jornal de referência é tão ou mais eficaz na mobilização social quanto uma declaração política.” É assim que Gabriela Canavilhas, deputada e ex-ministra da Cultura, começa o artigo de opinião, que publicou na edição de ontem do “Expresso Diário”, em que justifica o tweet em que defendeu o despedimento de uma jornalista do “Público” responsável pela cobertura da manifestação em defesa da escola pública, no sábado passado.
“O acompanhamento que o ‘Público’ tem feito sobre o financiamento público dos colégios privados tem tido erros. Erros que têm sido admitidos pelo próprio jornal, como é deontologicamente correto, o que não impede que sejam lembrados se e quando reincididos”, afirma a deputada, que diz não retirar uma vírgula ao que disse, embora pudesse acrescentar alguns emojis.
Gabriela Canavilhas assenta a sua justificação no facto de “não se aceitar nada” a quem esteja na política ativa, enquanto se “aceita tudo” na comunicação social. “Aceita-se com banalidade quase tudo o que é dito e escrito pela comunicação social; mas não se aceita nada que não seja absurdamente politicamente higiénico a alguém que esteja na política ativa. Por isso, muitas vezes somos considerados não pessoas, apenas políticos.”
Na sua página no Twitter, a antiga ministra da Cultura questionou-se porque é que a jornalista “ainda não foi despedida por escrever factos falsos”.