Mais de 175 médicos emigraram, nos primeiros cinco meses do ano, segundo dados revelados ontem pela Ordem dos Médicos (OM).
Depois de, no ano passado, ter aumentado em 20% o número de profissionais que decidiu ir trabalhar para o estrangeiro, os dados até agora recolhidos pela OM revelam uma aparente estabilização do fenómeno. Se, em 2015, emigraram 475 médicos, o que corresponde a uma média mensal de 39,5 profissionais. Nos primeiros cinco meses deste ano, foram mais de 175, o equivalente a uma média mensal de 35 médicos.
Apesar dos números terem sido mais positivos do que o esperado, a OM teme que a situação se agrave já que 158 jovens médicos ficaram este mês impossibilitados de fazer formação na especialidade, por falta de vagas para o internato, cujas candidaturas terminaram na segunda-feira. “Só nos primeiros cinco meses deste ano já emigraram mais de 175 médicos, a que se juntarão muitos mais dos que agora acabaram a especialidade e muitos daqueles que não tiveram acesso a uma vaga de especialidade”, lembra a Ordem, em comunicado. criticando ainda o facto das capacidades de formação não terem sido adequadas ao aumento de candidatos, o que provocou um resultado que “a Ordem não desejava, nem deseja, e que penaliza e frustra as legítimas expectativas dos que não têm acesso a vagas”.
Também a Associação Nacional dos Estudantes de Medicina (ANEM) fez questão de mostrar a sua indignação face aos números apresentados, “algo que já expectava e para o qual tem vindo a alertar as entidades competentes”, lê-se em comunicado. A ANEM refere que, a somar aos 158 médicos que ficaram sem acesso a especialidade, estão 213 candidatos que anteciparam a não colocação na especialidade pretendida com a sua desistência. “Ao todo, terminámos este processo de escolha de vaga para especialização com um total de 371 médicos indiferenciados, cujas alternativas são repetir o exame ou emigrar. Seja qual for a escolha, nenhuma delas é positiva, dado que, na primeira, estaremos a agravar o problema para o próximo ano e, na segunda, a desperdiçar o investimento feito na formação.