Boris Johnson, 51 anos, tem agora uma passadeira vermelha estendida quando quiser assumir a candidatura à presidência do Partido Conservador. As más-línguas acusam-no de ter tomado partido a favor do Brexit exclusivamente por razões estratégicas: num Partido Conservador cada vez mais eurocético, um ‘brexiter’ teria mais oportunidades de futuro.
É verdade que Boris Johnson sempre foi um europeísta. No ano passado, a revista alemã Der Spiegel entrevistou-o a propósito da sua biografia de Churchill e intitulou: «Boris Johnson: ‘Não podemos abandonar a Europa, somos parte do continente’». Em Agosto, Boris admitia que o problema estava «no euro e na zona euro que tinham esgotado as energias dos dirigentes europeus»: «É uma vergonha. A Europa devia ser muito mais». Para Johnson, o Reino Unido seria sempre «psicologicamente parte da Europa». E mesmo se o resultado do referendo fosse o Brexit, a relação seria reconstruída «a nível intergovernamental». Mas apontava as desvantagens de uma saída da Europa, como o facto de deixar de poder lutar na Europa pelas causas em que o país acredita e o fator Escócia. «Se sairmos da União Europeia, o que aconteceria à Escócia?». Agora, já se sabe o que acontece. Vai haver novo referendo para decidir a independência. Depois de ter lutado na campanha em defesa do Brexit com todas as suas forças, o antigo presidente da Câmara de Londres (cujos cidadãos votaram maioritariamente contra a saída) parece agora não ter pressa para acionar os mecanismos de exit. «Isto não significa que o Reino Unido vai ficar menos unido, nem que vai ser menos europeu», disse ontem Boris, no rescaldo da vitória.