A Croácia cruza-se no caminho da seleção das quinas e o registo é favorável a Portugal: só vitórias. Mesmo assim, estes homens dos Balcãs já demonstraram em França que não estão para brincadeiras e foram líderes do grupo, à frente da Espanha. Mas se dentro de campo encantam, fora dele, a história é outra. Os adeptos têm demonstrado toda a sua raiva nas bancadas, mas não contra a equipa: o alvo é a corrupta federação croata, liderada por Zdravko Mamic, o homem mais influente do futebol no país.
Modric, um Cruijff croata
Comparar o croata com a lenda holandesa é um dado adquirido. O craque do Real Madrid, ao lado de Rakitic (Barcelona), sabe impor respeito e arte no meio campo da Croácia. Ficou fora do jogo contra a Espanha por lesão, mas a equipa conseguiu vencer. “Um dos melhores jogadores da história”, são as palavras do seu selecionador. Tem dúvidas? Então olhe para o golo que o médio marcou à Turquia.
Darijo Srna, o capitão com coração
O lateral direito do Shaktar Donestk soube da morte do pai depois do Croácia-Turquia. Voou para casa e ninguém sabia se regressaria. Voltou para cumprir a promessa do pai, que queria que ele disputasse a sua última grande prova internacional aos 34 anos. Conta com 131 internacionalizações pela sua seleção e é ele o espírito de uma equipa que dá a cara contra as contrariedades.
Zdravko Mamic, o homem que todos os croatas odeiam
Quando os hooligans croatas interromperam o jogo contra a Rep. Checa com o lançamento de tochas, lutando uns contra os outros, o mundo ficou de boca aberta. Mas o alvo foi só um: Zdravko Mamic, que se tornou vice-presidente da Federação de Futebol Croata, e está associado a crimes de evasão fiscal, suborno e transferências ilegais para o Dinamo de Zagreb, clube do qual fez parte. É dos homens mais poderosos no país – tendo sido já preso por duas vezes –, e sabe-se que obrigou vários jogadores assinar um contrato em que lhe cediam parte do seu salário ou não poderiam vestir a camisola da seleção. Os hooligans querem vê-lo na prisão para sempre.
Hooligans croatas, unidos contra a corrupção
Mesmo que os protestos dos croatas tenham uma causa a que muitos se podem associar, já poderiam ter custado a participação brilhante da Croácia neste europeu. A seleção dos Balcãs foi multada em cem mil euros pela UEFA, e viu proibida a venda de bilhetes aos hooligans – estes distúrbios tem sido recorrentes nos últimos anos. Os jogadores chegaram mesmo a temer não defrontar a Espanha.
Ivan Perisic, o extremo que mostra como se fazem golos
Um extremo pode mostrar aos avançados de todo o mundo como se fazem golos? Pode, prova disso é Perisic (Inter de Milão), com 50 internacionalizações e 15 golos. Tomou o gosto ao pé diante dos checos, e repetiu o feito aos espanhóis, dando o golo da vitória. Fez também a assistência para o empate: tinha sido o último jogador croata a marcar e assistir, precisamente há dois anos.
Vingar o Mundial de 1998 em França
A conquista do terceiro lugar no Mundial em 1998 em França foi o maior feito desta seleção que contava com nomes como Zvonimir Boban, Suker ou Prosinecki. Esta é a quinta presença dos croatas em fases finais do Euro e desde a independência, que só falharam a qualificação para o europeu de 2000, tendo estado presente por quatro vezes. Os quartos-de-final foi o mais longe que conseguiram. 18 anos depois, querem fazer melhor no mesmo país.
Ante Cacic, o obreiro de uma caminhada que se quer gloriosa
Aos 62 anos está no momento mais alto da sua carreira, já que no seu currículo conta com 11 clubes, mais três passagens pelos sub-21 da Croácia e na Líbia. No entanto já se sagrou campeão pelo Dinamo de Zagreb em 2012, mas o feito que está a tentar alcançar aqui – depois de uma qualificação em que ficou atrás da Itália e com a Noruega a apenas um ponto – quer-se maior. O seu trabalho desde setembro de 2015 fez com que a Croácia não perca há dez jogos.
Josip Simunic, um adjunto banido por cânticos nazis
O homem que está ao lado de Cacic não tem um passado sorridente. O ex-defesa da seleção croata foi banido por dez jogos depois de ter liderado cânticos croatas após a qualificação do país para o Mundial de 2014 – do qual ficou de fora. Simunic já tinha ficado nas bocas do mundo no Mundial de 2006, quando o árbitro do Austrália-Croácia (2-2) lhe mostrou três cartões amarelos.