A comissão parlamentar de inquérito (CPI) à Caixa Geral de Depósitos sempre vai tomar posse na próxima terça-feira, depois de muita polémica e entre vozes a favor e contra. Caberá ao PSD presidir à comissão, que foi proposta de forma potestativa pelo PSD e CDS-PP, não se sabendo ainda quem irá ficar com o cargo de relator.
A comissão irá incidir sobre as práticas da gestão da Caixa Geral de Depósitos no domínio da concessão e gestão de crédito desde o ano de 2000, em Portugal, e sobre as circunstâncias que levaram à necessidade de recapitalização da instituição.
Tanto PSD como CDS já se manifestaram satisfeitos com o avanço da comissão. O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, já veio afirmar que a CPI não vai enfraquecer a CGD, até pelo contrário. “Fortalece a confiança que os portugueses e as empresas têm no banco público, que tem como principal tarefa assegurar a confiança dos portugueses no sistema financeiro”, salienta o deputado.
Nuno Magalhães, do CDS, revelou que com o avanço da CPI, a questão da CGD “deixará de ser discutida em conferências de imprensa marcadas para uma hora e meia antes de um jogo de futebol e passará a ser discutida pelos deputados da Assembleia da República”, disse.
Já o pedido de auditoria do PSD/CDS à Caixa e ao Banif foi chumbado pela esquerda.
Sem consenso A verdade é que a questão de criar a comissão de inquérito esteve longe de criar consensos. O Partido Socialista admitiu várias vezes que estranhava o momento e a oportunidade da iniciativa – um argumento que teve eco junto do PCP e do BE.
Por seu lado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos, João Lopes, já veio garantir que esta comissão “vai ser um problema sério e vai ter consequências imprevisíveis. Até pela forma como a comissão de inquérito parece estar a ser montada, é claramente uma lavagem de roupa suja na praça pública”, disse ao i.
O responsável diz ainda que, mais uma vez, as consequências desta decisão vão recair no banco que, no seu entender, vai sair deste processo com uma imagem abalada. “ Quem à partida fica afetada na sua imagem vai ser a própria instituição e quem está a fazer isso não parece que esteja a medir as consequências. Quem está a fazer isso está a fazer em favor da sua agenda política. E o que vai restar disso? Aparentemente, ninguém se preocupa com isso”, salientou.
O certo é que o governo já anunciou a intenção de pedir também uma auditoria independente à CGD, o que pode fazer na qualidade de acionista único. Essa será uma missão para a nova gestão, que entra este mês em funções.